Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Continuamos com a série dos jogadores que marcaram época em Garça, porém, vestindo a camisa de outros times. Começamos com o Adão Nunes Dornelles, o Adãozinho, depois Ari Lima, e hoje será a vez do Carlos Alberto Sabione Lemos Soares, o “Bô”, com a jaqueta do Noroeste de Bauru. A princípio será o último da série, mas continuaremos na “caça” de mais boleiros. Vale lembrar que todos estão no site “Craques e Esquadrões do Futebol”, um dos mais completos em se falando de jogadores antigos ou times de futebol.
O Bô chegou para defender o Garça no mês de maio de 1970, juntamente com o Helinho volante, ambos vindo do Linense. Na ocasião, a diretoria do presidente João Bento contratou outro reforço, o meia Cláudio Belon, do Municipal de Paraguaçu Paulista. O Garça estava montando o elenco para disputar o então Campeonato da 2ª Divisão Paulista.
De acordo com o livro “Trajetória do Futebol Profissional do Garça – 1950 à 2004", de autoria do professor e esportista Luiz Maurício Teck de Barros, o Bô estreou no Garça no dia 13 de junho de 1970, no jogo Garça 4 x 1 Araçatuba. Para alegria dos torcedores presentes no “Platzeck”, mesmo atuando de volante, ele marcou um gol. Completaram o placar Grilo (2 e Rogerinho.
O último jogo do “moço que nasceu em Ibitinga/SP”, com a camisa do Garça, foi no dia 21 de agosto de 1971, contra o SAAD, na derrota por 3 a 0. O jogo foi no Parque Antárctica em São Paulo, válido pelas finais do campeonato estadual. Cinco times disputaram: Garça, Marilia, Catanduvense, Rio Preto e SAAD. O Marília foi o grande campeão e subiu para a principal divisão paulista.
Mesmo não sendo atacante, Bô marcou 9 gols na sua passagem pelo “Azulão” (foto). Por unanimidade, e principalmente pelos torcedores mais antigos, está entre os três melhores jogadores da história do futebol profissional garcense, ao lado de Altamiro Gomes e Ceci, estes das décadas de 50/60, tempos do Garça E.C. Como sempre comenta comigo o palmeirense João Carlos Rodrigues, ex-torcedor da Casa Ipiranga: “O Bô jogava muita bola, era um líder dentro de campo, tinha futebol para jogar em qualquer time daquela época. Se fosse hoje, jogaria fácil num time grande, era para estar na Europa, no espanhol Real Madrid ou no inglês Manchester City”.
Como se destacou no Campeonato, prosseguiu carreira, atuando no Marília, Guarani de Campinas, Noroeste, Umuarama/PR, Comercial de Ribeirão Preto e Atlético Goiás, onde encerrou a carreira no ano de 1978, devido uma dura contusão no joelho.
Recordamos a passagem do Bô no Noroeste de Bauru, posando no Estádio “Alfredo de Carvalho”. Em pé, da esquerda para direita: Carlos Ivan, Luis Carlos, Lelo, Bô, Virgílio e Lulinha; agachados na mesma ordem: Nelinho, Marino, Julinho, Edvaldo e China.
O Bô foi mais um daqueles atletas que chegou em Garça para não sair mais. Mesmo jogando fora fixou residência aqui. Depois ainda foi técnico do Garça, quando o “Azulão” retornou ao futebol profissional, no ano de 1.984, levando o time ao vice-campeonato da 3ª divisão, e o acesso para a Série A-II do futebol paulista. Também foi treinador dos times de futebol da antiga CCE/Comissão Central de Esportes (hoje SEJEL), nos Jogos Regionais e Abertos do Interior
Adepto ao esporte, disputou por lazer o Campeonato Amador da 2ª Divisão pelo Salão Carter. No futebol suíço defendeu o Kosminho e Salão Carter. E no encerramento da carreira ainda jogou pela equipe dos Veteranos do Garça. Na foto ao lado do saudoso beque central, Dr. Romeu, companheiro de zaga e de trabalho.
O Bô é irmão do ex-zagueiro Estevam Soares, com passagem por grandes times do futebol brasileiro, e que foi campeão brasileiro pelo São Paulo, no ano de 1.977, ao lado do goleiro garcense Waldir Perez. No lado profissional, o Bô trabalhou como inspetor de alunos e depois de investigador da Polícia Civil. Foi casado com a Vera e o casal teve três filhos: Cadado, Xandão e Dudu.
O Bô faleceu no dia 31 de agosto de 2008, mas teve uma brilhante trajetória, tanto como jogador ou treinador, deixando seu nome eternizado no futebol garcense.