Por Blog do Paulinho (www.blogdopaulinho.wordpress.com)
Não
é de hoje que a informação dos procedimentos de dirigentes alvinegros para
viabilizar a construção do “Fielzão” preocupa os torcedores e conselheiros mais
esclarecidos do clube.
Primeiro descobriu-se que o projeto
aprovado no Conselho Deliberativo, que previa estádio para 48 mil pessoas, no
valor de R$ 350 milhões, a custo zero para o Timão, não era o mesmo acertado
com a Odebrecht.
A elevação dos valores para mais de R$ 1
bilhão levaram a questionamentos sobre a engenharia financeira necessária para
que o Corinthians um dia possa quitar as pendências.
Ontem, reportagem do R7, assinada por
Gilberto Nascimento, furando a revista VEJA, que trabalhava a mesma pauta,
revelou alguns detalhes já conhecidos, além de outros, absolutamente
alarmantes.
Por 30 anos, tempo acrescido dos iniciais
16 previstos, toda a receita do “Fielzão”, assim como sua administração, ficará
a cargo da Odebrecht, cotista principal do fundo de investimentos criado para
gerir a obra.
Mas não para por ai.
Para ter certeza de que o dinheiro
investido seria retornado aos seus cofres, a construtora deixou os dirigentes
alvinegros de joelhos.
Além de ter que quitar a pendencia dos
valores da construção, seja por empréstimo do BNDES ou pelos CIDs da Prefeitura
(que também deverão ser pagos), toda a renda do Corinthians, nos próximos 30
anos, estará comprometida, inviabilizando seu crescimento e a montagem de boas
equipes de futebol.
Documentos a que tivemos acesso, e que deverão
ser publicados pela imprensa, nos próximos dias, dão conta dos seguintes
absurdos:
- a marca “Corinthians”, nome
e símbolo, inclusive, avaliados pela empresa RCS, do próprio diretor financeiro
alvinegro, Raul Correa da Silva, em R$ 1 bilhão, será explorado pela
construtora por 30 anos.
- se o clube não quitar todas as
suas pendências no referido prazo (empréstimo da Odebrecht, outros empréstimos
bancários, BNDES, etc.), o fundo que administra o estádio será dono do
“Fielzão”.
- Toda a bilheteria dos jogos do
Corinthians pertencerá ao fundo gerido pela Odebrecht, com o Corinthians nada
recebendo e sendo ainda obrigado, por contrato, a realizar 90% de suas partidas
como mandante no “Fielzão”.
- Toda a receita com placas,
publicidade, cadeiras, lojas e até “naming rights” são de propriedade da
Odebrecht, por intermédio do fundo já citado, nos próximos 30 anos.
- Os direitos sobre a utilização do
terreno de Itaquera foram repassados nos mesmo moldes acima, com o agravante da
cessão do terreno pela Prefeitura ao Corinthians findar também neste prazo,
podendo então, em caso muito provável do clube não honrar suas dívidas perder
não apenas o “Fielzão”, mas também o espaço em que foi construído.
Embora o Corinthians alegue ser cotista minoritário do
fundo, como se isso refrescasse a situação, a grande verdade é que a empresa
“Arena Itaquera” tem como proprietários registrados a BRL Trust e a Jequitibá
Patrimonial, estranhamente, todas, estabelecidas no mesmo endereço.
Desnecessário,
após a exposição dos fatos acima, tamanho o desfavorecimento a que o
Corinthians foi submetido, decorrer não apenas sobre a incompetência de
seus gestores, como também pela evidente “má-fé” das atitudes, que se
diferenciam, e muito, do discurso apresentado.
Tanto para os
torcedores, quanto para conselheiros.
O que importa,
daqui por diante, é saber quem ressarcirá o Corinthians de mais este escândalo,
num desastre anunciado, há tempos, pela parte séria da imprensa deste país.