sexta-feira, 5 de abril de 2024

Recordar é Viver: "Adãozinho, um craque do futebol brasileiro"

 


Por Wanderley `Tico´ Cassolla

No último feriadão de Páscoa, como sempre fazemos com o tempo livre, navegamos nas redes sociais, e acessamos site “Craques e Esquadrões do Futebol". Para mim um dos mais completos, junto do “Que Fim levou”, do santista Milton Neves, em se falando de contar a história dos jogadores antigos e times de futebol. Tudo com fotos, sendo algumas verdadeiras relíquias.

Pois bem, encontramos três jogadores que marcaram época em Garça, porém, vestindo a camisa de outros clubes: Adão Nunes Dornelles, o “Adãozinho”, Carlos Alberto Sabione Lemos Soares, o “Bô” e Ari Lima. E deve ter mais um montão de jogadores espalhados nos sites, que tentaremos encontrar. Com o material compilado, vamos contar um pouco da trajetória futebolística deles aqui na coluna.

Começamos com o Adão Nunes Dornelles, o “Adãozinho”, que se estivesse vivo, teria completado 99 anos no último dia 2 de abril. Apesar de não ter jogado profissionalmente no Garça, viveu muito tempo aqui, fez um grande círculo de amizade, constituiu a família com a esposa Manoela (foto). O casal teve os filhos, Airton e Niltinho, ambos corintianos, e Hamilton, palmeirense. Com um coração benevolente, Adãozinho ajudou a criar o garoto Carlos, que também virou corintiano.

Nascido em Porto Alegre aos 2 de abril de 1923, Adãozinho era um exímio atacante, fez história no Internacional, onde jogou entre janeiro de 1943 à junho de 1951. Pela sua versatilidade ganhou o apelido de “Negrinho do Pastoreio”. Do compositor musical brasileiro Ary Barroso, foi apelidado de “Satânico”.

Integrou o memorável “Rolo Compressor” colorado e foi campeão gaúcho em 1944, 1945, 1947, 1948 e 1950 , campeão de Porto Alegre em 1944, 1945, 1947, 1948 e 1950. Pelo Internacional, disputou 30 “Grenais”, vencendo 19, empatando 7 e perdendo 4, marcando 16 gols nos clássicos.


Adãozinho foi convocado para a Copa do Mundo de 1950. Pela Seleção Brasileira, foram 3 jogos: 2 oficiais (Brasil 1 a 1 com o Uruguai em 4 de abril de 1947 e Brasil 2 a 4 também contra o Uruguai em 11 de abril de 1948 - válidas pela Copa Rio Branco) e um não-oficial (Brasil 4 a 3 na Seleção Paulista de Novos, em 11 de junho de 1950 como amistoso). Em 1951, transferiu-se para o Flamengo, onde jogou até 1953, marcando 49 gols em 104 jogos no clube carioca. Depois se transferiu para o XV de Novembro de Jaú, onde encerrou a carreira no ano de 1957, numa negociação que envolveu a troca com o jogador Servilio e outros do Flamengo.  

Segundo o historiador Murilo Surian, como parte da transação foram realizados 2 jogos amistosos entre o XV x Flamengo, com a equipe jauense ficando com a renda das duas bilheterias. Convenhamos eram outros tempos mesmos.

No dia 8 de março de 1953, em Jaú, no Estádio Arthur Simões, XV e Flamengo empataram em 2 a 2, gols de Pinga e Diamante para os locais.

No dia 10 de setembro de 1953, uma data histórica. Pela primeira vez um clube do interior jogava no Maracanã, estádio construído para a Copa do Mundo de 1950.  O XV de Jaú enfrentava o Flamengo, então bi-campeão carioca, num confronto que também terminou empatado: 4 a 4. Adãozinho comandou o ataque quinzista, que segundo relatos, foi considerado o melhor jogador em campo. E fez valer a história do “ex”, ao marcar o primeiro gol para os visitantes.

Veja o XV de Jaú posando no lendário Estádio Mário Filho, o “Maracanã”, um dos únicos campos a sediar duas finais de Copas de Mundo, em 1950 e 2014. Em pé da esquerda para direita: Lorena, Almir, Cancan, Beto, Enzo, Moacir, Inocêncio e o massagista Mascaro; agachados: Guanxuma, Nestor, Cilas, Adãozinho e Dário Reis.

Adãozinho faleceu no dia 6 de agosto de 1991, com 68 anos de idade, mas deixou um legado, principalmente no futebol brasileiro, que jamais será esquecido.