sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Recordar é Viver: "Ary Beghine, um grande esportista"
















Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Completar 79 anos de idade junto dos familiares, feliz da vida, e ainda por cima jogando bola não é para qualquer um não. Para o palmeirense Ary Beguine é um momento único e a coisa mais natural da vida. Afinal de contas no último dia 18 comemorou a nova data em grande estilo, ao lado dos familiares e amigos, esbanjando saúde e muita vitalidade. Atualmente está participando do GRUP: Grêmio Recreativo União Planalto, e nas noites de quintas feiras e domingos de manhã se reúne com o pessoal para bater uma bolinha (foto). A magnífica sede do GRUP fica no Jardim Adrianita, com um belo campo de futebol suíço, uma verdadeira arena.

Muita gente conhece o Ary somente como um fanático torcedor do Garça FC.  Ledo engano. Ele jogou muita bola na sua juventude nos anos 50/60, atuando de meio campista, na época de ouro do varzeano com grandes times, e não era qualquer atleta que disputava o campeonato. O Ary não só jogou como faz questão de mostrar as fotos das equipes que defendeu: Agromecânica, Palmeirinha, Tiro de Guerra, Ferroviários (formado por funcionários da Cia. Paulista do Trem), e no Água Branca, de Vila Salgueiro, desde o juvenil até o principal. Na época existia na Vila Salgueiro um campo de terra, onde o Água Branca jogava, onde travou grandes duelos com o Real Garcense, da Vila Manolo (hoje José Ribeiro) e também o Bangu, da Vila Nova (hoje Araceli). Segundo o Ary foram memoráveis domingueiras esportivas, onde muita gente ia assistir aos jogos. Veja o Água Branca do ano de 1.957, em jogo realizado no antigo campo do Garça de Vila Williams. Em pé da esquerda para direita: Lauder Boreli, Ary Beguine, Rubens Rossini, Genoves, Wanderci e Vadinho; agachados: Garrincha, Alcides Rici, Argemiro Beguine, Antonio Castro e Alfredo Malange.

Depois no time do Tiro de Guerra, do ano de 1.958, comandado pelos sargentos Éder, Adonaí e Flores. Em pé, da esquerda para direita: Daniel Mazagão, Walter Casaroli, Alfredo Maceloni, Debiazi, Ari Beghini e Ticaca; agachados: Rebite Manzano, Liminha, Mingo, Pirajuí e Cassemiro.

O Ary Beguine começou bem jovem a jogar bola. Entretanto no ano de 1.959, interrompeu a carreira, quando ingressou na CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), pois não deu para conciliar trabalho e bola. Mas quando tinha uma folga não deixava de assistir um jogo. Foi nesta época que virou um fervoroso torcedor do Garça. Dificilmente perdia um jogo. Teve a felicidade de ver os ótimos esquadrões do Garça Esporte Clube e do Garça Futebol Clube. Lembra com detalhes as escalações do primeiro Garça, citando os nomes de Velasco, Martin Carvalho, Charret, Altamiro Gomes, Garcia, Carlito, Paraguaio, Ceci e Tão Acorinte. Assim como recorda os jogadores do “Azulão” dos anos 70, dos goleiros Waldir Perez e Lula, Bô, Abegar, Helinho, Rinaldo, Cláudio Belon, Itamar Belasalma, Rogerinho, Osmar Silvestre, Plinio Dias e tantos outros. 

Na foto ao lado do Waldir Peres e da esposa Amélia. Uma curiosidade: o Ary não gostava de assistir os jogos na arquibancada. Ficava em pé ao lado do alambrado da geral torcendo, e também uma “pressão” no bandeirinha (auxiliar). Numa ocasião até anulou um gol do Catanduvense, num caso raro. O Garça atacava e o adversário armou um contra-ataque rápido. O ponta direita foi lançado e marcou o gol. Foi aí que o Ary gritou alto “tá impedido”, o auxiliar virou para ele no alambrado e rapidamente ergueu a bandeirinha. O juizão foi na dele e anulou o gol.  

O Ary também se orgulha de ter colaborado na iluminação dos refletores do “Platzeck”. No ano de 1.978 era funcionário da CPFL, e fez questão de trabalhar além do expediente normal, para terminar os serviços e ver o São Paulo, do goleiro Waldir Perez, inaugurar as luzes artificiais, numa noite inesquecível. Sempre ligado ao futebol voltou a jogar bola em 1.985, depois de reunir alguns amigos na Chácara dos Bonini. No ano de 2.003 juntamente com o Nivaldo Gianezi e o Nelson Fontes, fundaram o clube do GRUP, inegavelmente um dos melhores de Garça e região.  Ary Beguine é garcense nato, como sempre diz: “com muito orgulho e amor”. 

É casado com a Amélia e o casal tem duas filhas, a Eloisa e Gisela e os netos Bernardo e Vitória. Perguntei até quando ele vai jogar bola. A resposta foi esta: a palavra “parar” ainda não consta no meu dicionário esportivo. Enquanto a cabeça pensar e as pernas aguentar vou correr atrás da “gorduchinha” (bola). E ainda mandou um recado: os adversários que se cuidem.