Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Completar 79 anos de idade
junto dos familiares, feliz da vida, e ainda por cima jogando bola não é para
qualquer um não. Para o palmeirense Ary Beguine é um momento único e a coisa
mais natural da vida. Afinal de contas no último dia 18 comemorou a nova data
em grande estilo, ao lado dos familiares e amigos, esbanjando saúde e muita
vitalidade. Atualmente está participando do GRUP: Grêmio Recreativo União
Planalto, e nas noites de quintas feiras e domingos de manhã se reúne com o
pessoal para bater uma bolinha (foto). A magnífica sede do GRUP fica no Jardim
Adrianita, com um belo campo de futebol suíço, uma verdadeira arena.
Muita gente conhece o Ary
somente como um fanático torcedor do Garça FC. Ledo engano. Ele jogou muita bola na sua
juventude nos anos 50/60, atuando de meio campista, na época de ouro do
varzeano com grandes times, e não era qualquer atleta que disputava o
campeonato. O Ary não só jogou como faz questão de mostrar as fotos das equipes
que defendeu: Agromecânica, Palmeirinha, Tiro de Guerra, Ferroviários (formado
por funcionários da Cia. Paulista do Trem), e no Água Branca, de Vila
Salgueiro, desde o juvenil até o principal. Na época existia na Vila Salgueiro
um campo de terra, onde o Água Branca jogava, onde travou grandes duelos com o
Real Garcense, da Vila Manolo (hoje José Ribeiro) e também o Bangu, da Vila
Nova (hoje Araceli). Segundo o Ary foram memoráveis domingueiras esportivas,
onde muita gente ia assistir aos jogos. Veja o Água Branca do ano de 1.957, em
jogo realizado no antigo campo do Garça de Vila Williams. Em pé da esquerda
para direita: Lauder Boreli, Ary Beguine, Rubens Rossini, Genoves, Wanderci e
Vadinho; agachados: Garrincha, Alcides Rici, Argemiro Beguine, Antonio Castro e
Alfredo Malange.
Depois no time do Tiro de
Guerra, do ano de 1.958, comandado pelos sargentos Éder, Adonaí e Flores. Em
pé, da esquerda para direita: Daniel Mazagão, Walter Casaroli, Alfredo
Maceloni, Debiazi, Ari Beghini e Ticaca; agachados: Rebite Manzano, Liminha,
Mingo, Pirajuí e Cassemiro.
Na foto ao lado do Waldir Peres e da
esposa Amélia. Uma curiosidade: o Ary não gostava de assistir os jogos na
arquibancada. Ficava em pé ao lado do alambrado da geral torcendo, e também uma
“pressão” no bandeirinha (auxiliar). Numa ocasião até anulou um gol do
Catanduvense, num caso raro. O Garça atacava e o adversário armou um contra-ataque
rápido. O ponta direita foi lançado e marcou o gol. Foi aí que o Ary gritou
alto “tá impedido”, o auxiliar virou para ele no alambrado e rapidamente ergueu
a bandeirinha. O juizão foi na dele e anulou o gol.
O Ary também se orgulha de ter colaborado na
iluminação dos refletores do “Platzeck”. No ano de 1.978 era funcionário da
CPFL, e fez questão de trabalhar além do expediente normal, para terminar os
serviços e ver o São Paulo, do goleiro Waldir Perez, inaugurar as luzes
artificiais, numa noite inesquecível. Sempre ligado ao futebol voltou a jogar bola
em 1.985, depois de reunir alguns amigos na Chácara dos Bonini. No ano de 2.003
juntamente com o Nivaldo Gianezi e o Nelson Fontes, fundaram o clube do GRUP,
inegavelmente um dos melhores de Garça e região. Ary Beguine é garcense nato, como sempre diz:
“com muito orgulho e amor”.
É casado com a Amélia e o casal tem duas filhas, a
Eloisa e Gisela e os netos Bernardo e Vitória. Perguntei até quando ele vai jogar
bola. A resposta foi esta: a palavra “parar” ainda não consta no meu dicionário
esportivo. Enquanto a cabeça pensar e as pernas aguentar vou correr atrás da
“gorduchinha” (bola). E ainda mandou um recado: os adversários que se cuidem.