sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Recordar é Viver: "José Gonçalves, o adeus ao massagista `mão santa´










Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Na última quarta-feira logo de manhã, o ex-técnico do Ipiranga, Alcides Vaz, nos dá a triste notícia do falecimento do sr. José Gonçalves, o conhecido Zé Massagista, de tantas e tantas glórias prestadas ao Garça FC. nos anos 60/70. Estava com 91 anos de idade, e morava no Lar dos Velhos “Frederico Ozanan”, onde o Alcides Vaz presta um brilhante trabalho voluntário
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 “Seo” Zé Massagista foi massagista dos memoráveis times do Garça de outrora, quando o “Azulão” viveu uma grande fase. Sua passagem pelo Garça durou  cerca de 8 anos, entre 1.967 a 1.975. Apesar de ter trabalhado em vários clubes do interior paulista e do Paraná, o orgulho do “Seo” Zé Massagista foi mesmo o Garça, isto ele não cansava de me falar, e repetir para os amigos.

Vivenciou momentos inesquecíveis, fatos que marcaram sua longa trajetória no futebol. Adorava falar dos “casos e causos” vividos dentro e fora dos gramados. Daria para escrever um bom livro, com muitas verdades e também pitorescos. Quem conhece sabe que o dia a dia de uma massagista de um time é trabalhoso, mas altamente compensador, principalmente recuperando os atletas, colocando-os em condições de jogos. Quem não se lembra dele, vestido todo de branco, dando aqueles piques desde o banco de reserva até o jogador caído no gramado. Uma água trazida nas aqueles antigas bolsas pra refrescar e um “éter” milagroso. Mais o recado para jogador: “volta que precisamos ganhar o jogo”, ou “levanta e marca logo um gol”, ou ainda: “goleirão, pega tudo, que o jogo já está acabando”. Até mesmo fazendo aquela cera, para segurar o resultado do jogo, a mando do treinador. Sem falar na história do “cafezinho amargo” para os jogadores. Veja no ano de 1.972, na foto junto dos atletas do Garça, Ari Lima (esq) e Abegar, com a camisa estampada a letra “M”, que combinava com a caixa de massagista (ainda de madeira), seu instrumento de trabalho.

“Seo Zé” fez parte do Garça, legítimo campeão da 2ª Divisão de Profissionais do Estado de São Paulo, no ano de 1.969, único título reconhecido pela Federação Paulista. Outra agremiação que marcou sua carreira foi o Atlético Paranaense, onde trabalhou por vários anos, segundo ele um clube organizado e com muita estrutura na época.  O “seo” Zé tem uma longa folha de serviços prestadas ao futebol do interior. Ele bem que tentou ser jogador lá nos anos 40. Foi goleiro na Prudentina (Presidente Prudente), Ferroviária (Assis) e Paulista (Álvares Machado). Mas não deu certo nesta ingrata profissão. Com uma grave contusão (fratura da perna) encerrou a carreira prematuramente. Até que, a pedido de um dirigente passou para massagista, e não largou mais.

O primeiro time foi a Prudentina, depois a Ferroviária de Assis e Botucatu, Londrina, Cambará, Atlético Paranaense, Corintinha de Prudente, Garça, Velo Clube Rioclarense, Taquaritinga, São Carlense, dentre outros. Na Portuguesa  de  Desportos  trabalhou como auxiliar de  Mário Américo, o mais famoso e folclórico massagista do futebol brasileiro em todos os tempos. Mário Américo integrou a seleção brasileira de 1950 a 1974 e participou de 7 Copas do Mundo.

Recordamos o Garça, campeão do ano de 1.969, posando com a faixa de campeão no Estádio Municipal “Frederico Platzeck”. Em pé da esquerda para direita:  Valeriano (técnico), Plínio Dias, Ari Lima, Plínio Cabrini, Luizão, Dadi, Waldir Peres, Pedroso, Goiano e Zé (massagista); agachados: Coquinho, Zé Carlos, Rogerinho, Osmar Silvestre, Nei e Helinho. Depois as últimas fotos no ano passado, quando encontrou o lateral Abegar, e também o técnico Valeriano (esq) o goleiro Chiquinho. Com certeza jogadores que deram muitas glórias ao Garça FC. “Seo” Zé Massagista deixou a filha Aparecida Gonçalves.