quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Recordar é Viver: "Waldir Peres, o moço que veio de Garça"







Wanderley `Tico´ Cassolla


Enquanto ensaiava o retorno definitivo para Garça, o ex-goleiro Waldir Peres tinha vários planos. Isto ele revelava nos “bate-papos” quando nos reunimos para colocar a conversa em dia. Uma das novidades era o livro que estava escrevendo sobre a sua carreira no futebol. Praticamente estava pronto. Pequenos acertos, até mesmo financeiro, para se arrumar uma editora e fazer a impressão. Era um dos maiores sonhos do Waldir Peres. Infelizmente não houve tempo em vida para isto. Até que dias atrás soube do lançamento do livro em São Paulo, e rapidamente comprei um exemplar pela net. 

Confesso que não tenho hábito de ler livros, mas este do amigo Waldir vou ler por inteiro. A escritora paulistana Jeanette Rozsas foi muito feliz ao contar a vida do goleiro garcense nas quase 150 páginas. Mas com certeza daria bem mais, pois o Waldir Peres tinha uma memória incrível e muitas histórias no futebol brasileiro. O título, segundo a autora Jeanette Rozsas, “O moço que veio de Garça”, foi inspirado no famoso bordão cunhado pelo radialista Fiori Giglioti, o locutor da torcida brasileira. 

Como numa partida de futebol, o livro é dividido em dois “tempos”: o primeiro e o segundo tempo. A prorrogação ficou sendo o “epílogo”, um capítulo especial. Para os leitores vamos fazer um pequeno resumo do que já vimos até agora. Muito interessante os depoimentos do “mito” e ex-goleiro Rogério Ceni, Muller, ex-menudo do SP., jornalistas Flávio Prado e João Gabriel de Lima. Como todo garoto brasileiro, na sua infância o Waldir Peres tinha muitos sonhos. Um deles: ser um jogador de futebol. O seu pai Edil, até que torcia para este feito. Já a mãe, Dona Emília, não aprovava a idéia e sempre falava; “Waldir, a bola não dá camisa pra ninguém”. 

Foi em Garça e Lácio que sentiu que o futebol estava no sangue. “A gente pega quatro galhos, espetava na terra para fazer as vezes de trave e lá ia eu pro gol do nosso campinho improvisado”. Foi com 12 anos, quando passei a estudar no Ginásio de Garça, fui descoberto no gol do futebol de salão (futsal). Dali joguei no Corintinha, do Luiz Conessa, depois no Paulistinha, Garça, Ponte Preta, São Paulo, Seleção Brasileira, e vários outros times, que todo mundo já sabe. No livro o Waldir Peres também fala das recordações de pessoas e personagens que conviveu na sua trajetória como futebolista, destacando estas: Telê Santana: “o mestre dos treinadores”. João Havelange: “era um perfeito cavalheiro, não negava sua ascendência europeia. Rogério Ceni: “o goleiro que bateu meus recordes”. Vicente Mateus: “uma grande figura, era sério e muito estimado pelos jogadores”. Henry Aidar: “o homem que me abriu as portas do São Paulo”. Zagallo: “foi um enigma, de pouca fala comigo, no período que trabalhamos juntos na Copa da Alemanha/1974”. Osvaldo Brandão: “a mola propulsora, como técnico sabia como ninguém motivar os jogadores”. Dr. Sócrates: “Era bem politizado, intelectualmente bem acima de um jogador comum. No entanto não cuidava do físico e da saúde”. Zico: “Um grande atleta, zelava pelo físico e treinava muito. Dedicado à profissão, muito sociável e comunicativo com o grupo”. Biro-Biro: “um barato, pessoa simples, ótima alma, comediante nato e alegria contagiante”. Muricy Ramalho: “um grande companheiro e um excepcional jogador, apesar de muito bajulado pela diretoria por ser uma revelação do São Paulo”. Pelé: “É inigualável. O melhor jogador profissional do mundo e de uma inteligência incrível. Até hoje não surgiu outro jogador da sua envergadura”. 

Veja algumas imagens do “guapo” garcense do acervo familiar que está com sua irmã Maria Izabel. No outro flagrante, a garotinha Giovana já pegando gosto para a leitura do livro. Frases do Waldir Pares: “Posso dizer, que deixei minha marca no futebol”. “Ser goleiro é um prazer, mas ao mesmo tempo um exercício puxado, tanto emocional quanto físico. Não é a toa o ditado: onde o goleiro pisa não nasce grama”. “Também posso dizer a todos que fui muito feliz na minha carreira como jogador. Fiz tudo o que tinha que fazer, dei o meu melhor e confesso que estou tão feliz hoje quanto fui no esporte, simplesmente pela mulher (Cristina Abido) que aconteceu e deu novo sentido na minha vida”. “Minha vida foi cheia de lances espetaculares, e outros nem tanto. Durante toda a carreira de jogador, fui bastante tentado, e posso dizer que resisti”. “Estas memórias vão para os meus filhos, as maiores vitórias da minha vida”.