sexta-feira, 15 de março de 2019

Recordar é Viver: "Laís Helena, uma lenda do basquetebol feminino brasileiro"









Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Na última terça feira recebi um “zap” do são-paulino Juliano de Andrade, falando se estava sabendo do falecimento da Lais Helena Aranha, ex-jogadora de basquete, e que nasceu em Garça?  Surpreso, ainda não sabia, apesar de ficar antenado nos noticiários esportivos. A correria do dia a dia, às vezes, deixa passar uma triste notícia desta. 

A garcense Lais Helena, que completou 76 anos na última segunda feira, faleceu vitimada por um câncer de mama. Estava internada no Hospital Brasil, em Santo André, cidade onde fez história como cestobolista.

Para conhecer um pouco de sua história (e que história!), ninguém melhor do que a própria Liga Basquete Feminino, que assim se pronunciou: “Uma lenda que nos deixa”, ou “A despedida de um fenômeno do basquete brasileiro”. Laís Helena, um lendário personagem do basquete brasileiro. E lendário, aqui não é força de expressão. Lais fez parte dos primórdios do basquete feminino nacional como atleta, sendo campeã sul-americana (1965, 1967, 1968, 1970 e 1974), e bi-campeã Panamericana (1967 e 1971). Foi medalha de ouro nos jogos de Winnipeg (Canadá - 1967), disputando 8 partidas e fazendo 149 pontos

Além da medalha de bronze de 1.971, realizado no Brasil, naquela que foi a primeira geração com gigantescos resultados internacionais entre as meninas.

Lais nascida em Garça, dirigiu por 40 anos seguidos o time feminino de Santo André, cidade com a qual se identificou, com o qual o seu nome se confunde, com a qual criou, manteve e cresceu um projeto de basquete lindo, incrível e maravilhoso. O ginásio era a sua casa. Suas atletas a extensão da sua família, uma família gigantesca que a amava. Certamente não haverá uma figura como ela tão cedo por aqui. Uma lenda nos deixa. Seu legado, porém, é eterno”. Veja nos flagrantes Lais Helena em fotos da LBB/Gaspar Nóbrega. 

E pensar que tudo começou em Garça, na década de 50, quando Lais Helena incentivada pelo pai João Batista Aranha da Silva, mais conhecido como “Joãozito”, já despontava entre as demais meninas, nas quadras escolares ou do Tênis Clube. Tudo graças a sua agilidade incrível, quando estava de posse da bola, com pensamento rápido e muita vivacidade. Outro grande incentivo veio dos professores Sérgio de Stéfani e Terezinha Barganian, que viram nela uma atleta de futuro. Acertaram em cheio. Lais Helena saiu de Garça e foi para o Corinthians da capital, XV de Piracicaba, Clube Atlético Pirelli de Santo André.

Veja no flagrante, do início da década de 60, quando defendia Garça. Em pé da esquerda para direita: Arline Luchiari, Soninha e Terezinha Barganian. Agachadas: Carmem Silvia, Laís Helena e Cristina.

A morte de Lais Helena deixou de luto o basquete brasileiro. O presidente da LBB, Ricardo Molina, declarou: “Este foi o dia mais triste de todos os nove anos de existência da entidade. A LBB, assim como seus clubes, só tem a agradecer pelo privilégio de compartilhar de sua energia, e sabedoria nas quadras, como técnica e sua contribuição sempre ativa nas reuniões. A construção da LBB está muito ligada ao legado que a Laís levantou na modalidade. A LBB fará de tudo para que possa honrar tudo que ela fez pelo basquete feminino. É uma perda que dificilmente será substituída”.

E nos cá da coluna também lamentamos a morte de Lais Helena, sempre com uma ponta de indignação. É mais uma conterrânea, que venceu no difícil mundo do esporte, jogou até na Seleção Brasileira, e não teve o reconhecimento em vida por parte de nossas autoridades constituídas. Uma atleta que tinha orgulho em dizer que era garcense de nascimento, não esquecendo de sua origem. O maior exemplo é que divulgou o nome de Garça até na hora da morte!!!