Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Na última terça feira recebi um “zap” do
são-paulino Juliano de Andrade, falando se estava sabendo do falecimento da Lais Helena
Aranha, ex-jogadora de basquete, e que nasceu em Garça? Surpreso, ainda não sabia, apesar de ficar
antenado nos noticiários esportivos. A correria do dia a dia, às vezes, deixa
passar uma triste notícia desta.
A garcense Lais Helena, que completou 76 anos na última
segunda feira, faleceu vitimada por um câncer de mama. Estava internada no
Hospital Brasil, em Santo André, cidade onde fez história como cestobolista.
Para conhecer um pouco de sua história (e que
história!), ninguém melhor do que a própria Liga Basquete Feminino, que assim se
pronunciou: “Uma lenda que nos deixa”, ou “A despedida de um fenômeno do
basquete brasileiro”. Laís Helena, um lendário personagem do basquete
brasileiro. E lendário, aqui não é força de expressão. Lais fez parte dos primórdios
do basquete feminino nacional como atleta, sendo campeã sul-americana (1965,
1967, 1968, 1970 e 1974), e bi-campeã Panamericana (1967 e 1971). Foi medalha de ouro nos jogos de Winnipeg (Canadá -
1967), disputando 8 partidas e fazendo 149 pontos
Além da medalha de bronze de 1.971, realizado no
Brasil, naquela que foi a primeira geração com gigantescos resultados
internacionais entre as meninas.
Lais nascida em Garça, dirigiu por 40 anos seguidos
o time feminino de Santo André, cidade com a qual se identificou, com o qual o
seu nome se confunde, com a qual criou, manteve e cresceu um projeto de
basquete lindo, incrível e maravilhoso. O ginásio era a sua casa. Suas atletas
a extensão da sua família, uma família gigantesca que a amava. Certamente não haverá
uma figura como ela tão cedo por aqui. Uma lenda nos deixa. Seu legado, porém,
é eterno”. Veja nos flagrantes Lais Helena em fotos da LBB/Gaspar Nóbrega.
E pensar que tudo começou em Garça, na década de 50,
quando Lais Helena incentivada pelo pai João Batista Aranha da Silva, mais
conhecido como “Joãozito”, já despontava entre as demais meninas, nas quadras
escolares ou do Tênis Clube. Tudo graças a sua agilidade incrível, quando
estava de posse da bola, com pensamento rápido e muita vivacidade. Outro grande
incentivo veio dos professores Sérgio de
Stéfani e Terezinha Barganian, que viram nela uma atleta de futuro. Acertaram
em cheio. Lais Helena saiu de Garça e foi para o Corinthians da capital, XV de
Piracicaba, Clube Atlético Pirelli de Santo André.
Veja
no flagrante, do início da década de 60, quando defendia Garça. Em pé da
esquerda para direita: Arline Luchiari, Soninha e Terezinha Barganian.
Agachadas: Carmem Silvia, Laís Helena e Cristina.
A
morte de Lais Helena deixou de luto o basquete brasileiro. O presidente da LBB,
Ricardo Molina, declarou: “Este foi o dia mais triste de todos os nove anos de
existência da entidade. A LBB, assim como seus clubes, só tem a agradecer pelo
privilégio de compartilhar de sua energia, e sabedoria nas quadras, como técnica
e sua contribuição sempre ativa nas reuniões. A construção da LBB está muito ligada ao legado que a Laís levantou na
modalidade. A LBB fará de tudo para que possa honrar tudo que ela fez pelo
basquete feminino. É uma perda que dificilmente será substituída”.
E
nos cá da coluna também lamentamos a morte de Lais Helena, sempre com uma ponta
de indignação. É mais uma conterrânea, que venceu no difícil mundo do esporte, jogou
até na Seleção Brasileira, e não teve o reconhecimento em vida por parte de nossas
autoridades constituídas. Uma atleta que tinha orgulho em dizer que era garcense
de nascimento, não esquecendo de sua origem. O maior exemplo é que divulgou o
nome de Garça até na hora da morte!!!