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Olha só o Cassiano, festejando a classificação para a decisão dos JR com a `barbicha´ dourada |
O ano de 2013 terminou deixando uma
certeza: no futsal, foi realizado um belo trabalho com a equipe que representou
Garça nas principais competições do calendário oficial. A equipe cumpriu um
ótimo papel nos Jogos Regionais, quando ficou com a prata. Na Copa TV Record,
avançou até às semifinais, numa campanha que foi muito elogiada. O sucesso da
modalidade deve-se ao trabalho consistente e planejado, executado com maestria
pelo prof. Cassiano Pelegrini. É ele que o `Comarca´ esteve entrevistando
durante a semana, com todos os detalhes você podendo conferir abaixo:
JCG – Como frisamos, o futsal viveu um ano
bem proveitoso. O que foi preponderante para a obtenção dos bons resultados?
Pelegrini – Foram vários os fatores, todos eles primordiais e
difíceis para mensurarmos. Em primeiro lugar o voto de confiança que nos foi
dado pela nova administração neste ano, principalmente através do vereador Paulo
André Faneco, que solicitou para que continuássemos o nosso trabalho com a
modalidade. Este, que vínhamos executando desde 2011, propiciando assim um
entrosamento maior entre todos da equipe. Em segundo ao grupo de atletas, que
se empenharam ao máximo, com muita dedicação nos treinamentos mesmo diante de
todas as dificuldades que tivemos no decorrer da temporada. Em terceiro, aos
integrantes da nossa comissão técnica prof. Abrahão Amorim, fisioterapeuta
Leonardo Almeida e ao Samuel “Nênim” Gonçalves, pessoas que fizeram um trabalho
voluntário impecável e de grande auxílio para que desenvolvêssemos as
atividades com maior tranquilidade. E por último, e não menos importante, ao
imenso apoio da Academia Workbody, através de seu proprietário Alex Lobo e da Garça
Construções, na figura do empresário André Melo.
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Ladeado pelos profs. Abrahão Amorim e pelo fisioterapeuta, Leonardo Almeida |
JCG – O que é que foi feito para que os
atletas, todos `pratas-da-casa´,
`vestissem a camisa´ de forma tão contundente como ocorreu?
Pelegrini – Primeiramente a informação que sempre passamos, de
sermos os escolhidos, do valor que é representar nossa cidade, da honra que nos
causa de representar Garça em qualquer localidade e situação. E realmente o ano
foi bom, tivemos 72% de aproveitamento nos jogos, 38 partidas ao longo da
temporada, com 27 vitórias, quatro empates e sete derrotas. Enfim, foi tudo
muito produtivo, porém poderíamos ir ainda além, mesmo competindo com equipes
de aporte financeiro maior. Acredito que esse sempre foi o nosso pensamento, de
desafiar nossos atletas, de motivá-los cada vez mais, para sempre buscarmos em
cada treino ou nova partida, melhorias na nossa performance, pois sempre há
alguma coisa para se melhorar. E essencialmente também, nós nos beneficiamos
dos sonhos de todos os atletas. Sim, dos sonhos! Pois muitos dos garotos sonham
ainda com o futebol ou futsal, sonham em jogar em grandes equipes, ganhar um
bom dinheiro para ajudar a família. Essa motivação é sempre importante, mesmo
eles não se tornando jogadores no futuro, que ao menos levem a vontade de
sempre buscar melhorias em outras profissões e em suas vidas.
JCG – Durante uma temporada, nem tudo são
`flores´. Quais foram as dificuldades encontradas em 2013?
Pelegrini – O caso absurdo do WO no Campeonato Paulista do
Interior Sub-20, nos desgastou bastante. Quando a Federação Paulista de Futebol
de Salão beneficiou a outra equipe que não cumpriu com o regulamento da
competição, redigida pela própria, foi um ato de desrespeito muito grande com
toda a tradição adquirida por nossa cidade na modalidade. Retirar a equipe do campeonato
foi algo muito doloroso para nós, mas tínhamos como convicção que fazíamos a
coisa certa, tanto é que fomos elogiados por muitas personalidades do meio, e a
FPFS teve outras demonstrações de desorganização da equipe que fora beneficiada
por ela, fazendo a competição sucumbir. Outra dificuldade foi a incerteza de
nossos atletas, após a saída daquela competição, mas logo isso foi mudando,
através da confiança que passávamos a eles. Dissemos na época que com essa
atitude o futsal garcense ressurgia, e realmente ocorreu, com muita
perseverança e dignidade! A FPFS já nos convidou para participarmos de seus
campeonatos em 2014, um sinal interessante de amenizar esse imbróglio e que
mostra a nossa correção. Mas isso cabe agora para a nossa administração esportiva
analisar se é conveniente para Garça.
JCG – Você comemorou muito a campanha dos
Jogos Regionais, quando o time conquistou a prata. Por que aquela competição
foi tão importante para o futsal garcense?
Pelegrini – O futsal garcense na última década venceu vários
Jogos Regionais, através do alto investimento que teve, fazendo com que essas
conquistas não fossem mais do que a obrigação para aquela equipe no passado.
Destacamos que cada conquista tem seu valor e sua história e nada, nem ninguém,
muito menos nós, tem o direito de depreciá-las! Porém, já vínhamos da medalha
de bronze com o SUB/21 em 2012 e conquistar a medalha de prata, de forma
inesperada, com todos os atletas garcenses, sem remuneração, com média de idade
de 19 anos, na categoria adulto em 2013. Foi um feito que só nós conseguimos
até aqui na história dos jogos por nossa Sentinela do Planalto na modalidade.
Por isso o motivo de nossa alegria, obviamente que desejávamos a medalha de
ouro, mas a medalha de prata em uma competição com 42 cidades não diminuiu o
grande feito do nosso grupo.
JCG - Aliás, quando dos Regionais,
você se desdobrou até como competidor, faturando pontos preciosos como nas
damas. Além disso, esteve com o basquetebol, além de acompanhar outras
modalidades. Qual a sensação ao final dos Jogos, após o vice-campeonato geral,
devido, quase que exclusivamente, ao esforço dos atletas?
Pelegrini – O esforço foi de todos os envolvidos sem dúvida,
cada profissional em seu setor foi muito importante para nossa boa apresentação
nos jogos, e em principal os atletas, que elevaram Garça a esta posição
inédita. Muitos devem ter a visão, através de jogos universitários já sediados
por nossa cidade, que Jogos Regionais é uma grande festa, todavia estão
profundamente enganados! Jogos Regionais vão além desta definição, pois é o
encontro intermunicipal esportivo mais importante do ano, é o encontro entre
cidades para se medir a hegemonia de seus habitantes esportivamente,
consequentemente também é um evento político, visto o grande número de
autoridades presentes, de transações que ocorrem para eventuais benefícios,
através de projetos esportivos e sociais futuros. Referindo-me aos atletas, se
já é uma competição dificílima para quem a leva a sério, os que vão com o
intuito de “festar” são os que retornam mais cedo para casa com certeza! E para
nós responsáveis das equipes, há descontração sim, mas o trabalho é árduo,
incessante, por 24 horas, distante do conforto de nossos lares, da família, das
nossas camas, nesse último ano com um frio intenso em Dracena foi bem difícil!
Passamos por isso por gostarmos do que realmente fazemos e por nos sentirmos
privilegiados na oportunidade de representar nossa cidade. Quanto à sensação,
esta foi de dever cumprido, juntamente com o Coordenador de Esportes na época,
José Luiz Fernandes Tech. Essa briosa e inédita segunda colocação, na
classificação geral dos Regionais, não foi porque enfrentamos cidades mais
fracas, mas sim porque trabalhamos duro e tivemos méritos de sermos mais
organizados! O Tech liderou o judô, que retornou após muito tempo sem termos
representantes, os PCD`s, o tradicional basquetebol, que sem o seu empenho e a
imensa força de vontade dos atletas claramente não participaria do evento, o
tênis de campo, damas e estava conosco no futsal, todas estas modalidades
genuinamente garcenses, ele teve uma grande parcela de contribuição nesta
campanha, senão a maior! Quem não é leigo no assunto, quem esteve lá realmente,
fatalmente julgaria assim. Foi uma imensa perda para o esporte de Garça, logo
após o evento, o Tech ter saído dessa função.
Pelegrini elogiou muito a atuação do prof. José L. F. Tech |
JCG – Em termos de esportes coletivos, o
futsal é a única modalidade de quadra que esteve em atividade durante o ano
todo de 2013. Aumenta a responsabilidade em defender o município, quando se
sabe que é o único esporte que se manteve em alto nível?
Pelegrini – Olha, quando recebemos a missão há três anos para
assumirmos o futsal, sabíamos das adversidades que teríamos. O garcense ficou
acostumado com muitas conquistas, grandes jogos, aqui em Garça são quase 45 mil
treinadores, somos medidos a todo o instante. Nós entendíamos que, através da
realidade que tínhamos e temos atualmente, seria impossível de se ter a
continuidade de resultados. Mas tínhamos que trabalhar, buscamos auxílio,
lutamos para melhorar as condições da modalidade, erramos muito e em principal
aprendemos muito com os atletas, contando com o apoio deles para acertarmos
muito também. O desafio foi complicado, minucioso, mas acredito que
conseguimos cumprir com nosso principal objetivo, que foi o de manter o futsal
de Garça com dignidade e sendo respeitado diante de todos os nossos oponentes.
JCG – Chegando ao final de 2013, último
jogo em Tarumã, o que um treinador fala para os seus comandados após o
encerramento das competições?
Pelegrini – Não falei muito porque perdemos (risos)! E mais uma
vez de maneira descabida, tivemos que jogar duas vezes contra uma equipe local.
Mas sabíamos que a competição em Tarumã era somente para estendermos um pouco
mais a convivência com os atletas e para podermos degustar dos nossos últimos
momentos no comando da equipe no ano de 2013, ou talvez até realmente um último
momento de fato, pois não temos definições do que ocorrerá em 2014. A Copa Record foi muito importante para nós,
começamos desacreditados por nossa equipe ser muito jovem, mas seguindo as
fases da disputa, chegamos muito perto de colocarmos um jogo da cidade na TV
novamente, de divulgarmos ainda mais nossos patrocinadores e a cidade de Garça
em principal. A eliminação na semi-final foi dura, difícil de ser assimilada,
consequentemente a motivação do grupo se perdeu com ela. Mas gostaria de falar
a todos os atletas que estiveram conosco nesses três anos, exaltá-los e
agradecer por tudo que nos ensinaram, todo carinho, por todo respeito e pelos
momentos magníficos que passamos nesse período. Pedir desculpas por eventuais
erros, enfim, só temos que agradecê-los!
JCG – O que faltou para o futsal no ano
passado, que não pode faltar em 2014?
Pelegrini – Títulos!!! Mesmo sabendo que por trás de grandes
vitórias ocorrem muitas derrotas, vencer é muito bom, nós também gostamos de
ganhar, somos competitivos na essência, chegamos muito perto em 2013, talvez
porque esteja pintando coisa boa aí para 2014! Mas Garça tem que ser maior que
tudo, entrar forte, não dividir forças e sim somar!
JCG – O
que você enxerga no horizonte para a sua modalidade no ano que se iniciou?
Pelegrini – De um modo geral, sabemos que o craque Falcão está
com um projeto novo, em nova equipe e com certeza se tornará ainda mais
vencedor em Sorocaba. Tendo o grande jogador Xuxa ao seu lado, que foi revelado
aqui e hoje cidadão garcense, é muito especial. Abrem-se novas perspectivas,
para assistirmos bons jogos na TV e até na cidade vizinha Bauru, que agora terá mais uma equipe, esta com um farto
investimento, tendo em seu plantel dois jovens garcenses, enaltecendo ainda
mais o futsal do interior do estado. Já por aqui, fomos muito consultados, por
pessoas do meio da modalidade, para um eventual retorno da cidade em
competições de grande porte e nossa resposta infelizmente, mesmo correndo o
risco de estarmos enganados, é a de que não vemos possibilidades
momentaneamente. Atualmente cidades, como Orlândia e Carlos Barbosa-RS, bem
menores do que Garça, tem grande destaque na mídia em geral. O futsal é o
esporte mais praticado do país com uma cobertura cada vez maior, principalmente
na tv fechada que hoje postula com milhões de assinantes por todo o país.
Contudo, nossas tentativas estão sendo sempre frustradas na busca de um aporte
financeiro que propicie com que o futsal de nossa cidade volte a almejar voos
mais altos. O que aparenta é que só temos uma empresa em Garça com receita
anual ou até mensal milionária, parece que só temos um empresário, bem
sucedido, que tem ou já teve vistas ao esporte. Algumas empresas de Garça se
voltam para ações sociais, doações a entidades filantrópicas é nítido que estas
ações são totalmente pertinentes a nossa comunidade também. Escolhem somente o
método de “doar os peixes e não de ensinar a pescar”. Mas se esquecem, ou
preferem ficar alienados, de que o esporte também envolve o social, a saúde, a
educação e principalmente o retorno de marketing para elas. Gastam absurdamente
com propagandas na tv, cem, duzentos mil reais mensais por segundos, sendo que
em um jogo que geralmente tem duração de uma hora, uma hora e meia, a exposição
de suas marcas na mídia televisiva seria muito maior. Isto sem contar da lei de
incentivo ao esporte! As empresas daqui, que poderiam muito bem consultar seus
respectivos departamentos de contabilidade e destinar 1% do imposto de renda
delas ao esporte de Garça, infelizmente preferem destinar esse percentual ao
governo, talvez porque o governo seja mais carente de dinheiro, não é mesmo?
Mas enfocamos que, cada um tem o direito de investir o seu dinheiro onde quer
que seja, estamos emitindo apenas a nossa humilde opinião. Espero um dia ganhar
na mega sena, o problema é que dificilmente eu jogo, mas que neste dia com
certeza, Garça terá mais um milionário, que vai abrir as portas para alguém com
vontade de trabalhar, que tenha um bom projeto esportivo, bem planejado claro!
Pois sem organização eu também não faria loucuras com o meu dinheiro.
JCG – Qual o seu maior desejo esportivo
para a temporada? E o que aconteceu no último ano que não pode se repetir no
futuro?
Pelegrini – Meu maior desejo é que alguém da iniciativa privada
possa ver com bons olhos o esporte da cidade, que Garça tenha ao menos uma
equipe de alto rendimento em qualquer modalidade coletiva, que dispute grandes
jogos no Ginásio João Gonzales, com grande público, que tenhamos um atrativo
para crianças, jovens, enfim para toda a família prestigiar, assim como já
tivemos um dia. É notório que os hábitos das crianças e dos jovens mudaram
vertiginosamente nos dias atuais, infelizmente estão até mais expostos a coisas
ruins e isso é muito preocupante. O chavão clássico de se tirar crianças e
jovens da ociosidade, tirá-las das ruas, é também muito importante conciliando
isto com o esporte. Entretanto, acreditamos que ainda sejam necessários
parâmetros, muitos jovens ainda sonham com o futsal, pois tínhamos uma
referência, `taí´ a importância do rendimento. O esporte disciplina seus
praticantes, ajuda a educar, serve para oportunizar, para dar um futuro melhor
aos jovens ou guiá-los para bons caminhos mesmo que seus futuros sejam em
outras áreas distantes dele. Hoje temos atletas que foram revelados aqui, tanto
no futsal quanto no basquetebol, que agarraram a oportunidade diante da
estrutura que tínhamos e vivem do esporte hoje. Quanto a não querer que se
repita algo em 2014. Vimos que nesse ano de transição, nossa administração
esportiva foi criticada duramente por parte da imprensa esportiva local e por
muitas outras partes do segmento, em sua maioria por críticas certeiras, com
dados relevantes. Se alguns dos problemas já ocorriam anteriormente, essa não é
uma justificativa plausível para se continuar com os erros. Estarem antenados
desde o início do trabalho para não cometer os mesmos equívocos é o que se
esperava. Consideramos a crítica importante, ela nos fortalece para
melhorarmos, acredito que nosso comando esportivo, se pensar dessa mesma
maneira, irá evoluir bastante em 2014 e vai se fortalecer dando continuidade
também aos acertos que consequentemente tiveram em 2013. Além disso, nós
gostaríamos muito que houvesse uma trégua entre o renomado prof. Marco Antonio
Morais e membros da atual Administração. É muito triste, para nós que somos
amantes do esporte, olharmos de fora essa situação que vem se alargando com o
tempo e se tornando cada vez mais complicada. Analisamos isso como uma queda de
braço desnecessária, onde quem perde com tudo isso são três vértices: a
Administração que perde um profissional ímpar e competente não somente na
modalidade basquetebol, onde teve êxitos extraordinários, mas também na parte
burocrática esportiva, o próprio Marcão que fica desta forma distante do que
com certeza sabe fazer e sempre fez com prazer e a comunidade esportiva
garcense que acaba ficando refém desta situação. Se todas as partes almejam o
bem comum do nosso esporte, como realmente acreditamos. Será que não é o
momento de deixarem as desavenças, apararem as arestas, passarem por cima das
diferenças e todos lutarem juntos para o bem de Garça e do nosso esporte?
Sabemos que polemizamos com referido assunto, com certeza talvez sejamos nós os
primeiros a mencionar sobre esse assunto indelicado publicamente. Temos
conhecimento da causa, dos acontecimentos, mas gostaríamos muito que ambos os
lados acenassem com uma aproximação. Temos a certeza que todos iriam ganhar!
Antes de tudo, gostaria de frisar que esta é uma opinião particular de Cassiano
Pelegrini de Souza, sem qualquer pressão, indicação ou referência, onde temos
total consciência dos nossos atos, falas ou escritas. E para finalizar, desejar
a toda à população de Garça um excelente ano de 2014, que esse novo ano que já iniciamos seja uma porta aberta para
novos sonhos, renovações de fé e muita paz para o nosso mundo. Um forte abraço!
Futsal manteve o alto nível sob o comando do jovem Pelegrini |