sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

“O desafio foi complicado, minucioso, mas acredito que conseguimos cumprir com nosso principal objetivo”


Olha só o Cassiano, festejando a classificação para a decisão dos JR com a `barbicha´ dourada
O ano de 2013 terminou deixando uma certeza: no futsal, foi realizado um belo trabalho com a equipe que representou Garça nas principais competições do calendário oficial. A equipe cumpriu um ótimo papel nos Jogos Regionais, quando ficou com a prata. Na Copa TV Record, avançou até às semifinais, numa campanha que foi muito elogiada. O sucesso da modalidade deve-se ao trabalho consistente e planejado, executado com maestria pelo prof. Cassiano Pelegrini. É ele que o `Comarca´ esteve entrevistando durante a semana, com todos os detalhes você podendo conferir abaixo:

JCG – Como frisamos, o futsal viveu um ano bem proveitoso. O que foi preponderante para a obtenção dos bons resultados?
Pelegrini – Foram vários os fatores, todos eles primordiais e difíceis para mensurarmos. Em primeiro lugar o voto de confiança que nos foi dado pela nova administração neste ano, principalmente através do vereador Paulo André Faneco, que solicitou para que continuássemos o nosso trabalho com a modalidade. Este, que vínhamos executando desde 2011, propiciando assim um entrosamento maior entre todos da equipe. Em segundo ao grupo de atletas, que se empenharam ao máximo, com muita dedicação nos treinamentos mesmo diante de todas as dificuldades que tivemos no decorrer da temporada. Em terceiro, aos integrantes da nossa comissão técnica prof. Abrahão Amorim, fisioterapeuta Leonardo Almeida e ao Samuel “Nênim” Gonçalves, pessoas que fizeram um trabalho voluntário impecável e de grande auxílio para que desenvolvêssemos as atividades com maior tranquilidade. E por último, e não menos importante, ao imenso apoio da Academia Workbody, através de seu proprietário Alex Lobo e da Garça Construções, na figura do empresário André Melo.

Ladeado pelos profs. Abrahão Amorim e pelo fisioterapeuta, Leonardo Almeida

 JCG – O que é que foi feito para que os atletas, todos  `pratas-da-casa´, `vestissem a camisa´ de forma tão contundente como ocorreu?
Pelegrini – Primeiramente a informação que sempre passamos, de sermos os escolhidos, do valor que é representar nossa cidade, da honra que nos causa de representar Garça em qualquer localidade e situação. E realmente o ano foi bom, tivemos 72% de aproveitamento nos jogos, 38 partidas ao longo da temporada, com 27 vitórias, quatro empates e sete derrotas. Enfim, foi tudo muito produtivo, porém poderíamos ir ainda além, mesmo competindo com equipes de aporte financeiro maior. Acredito que esse sempre foi o nosso pensamento, de desafiar nossos atletas, de motivá-los cada vez mais, para sempre buscarmos em cada treino ou nova partida, melhorias na nossa performance, pois sempre há alguma coisa para se melhorar. E essencialmente também, nós nos beneficiamos dos sonhos de todos os atletas. Sim, dos sonhos! Pois muitos dos garotos sonham ainda com o futebol ou futsal, sonham em jogar em grandes equipes, ganhar um bom dinheiro para ajudar a família. Essa motivação é sempre importante, mesmo eles não se tornando jogadores no futuro, que ao menos levem a vontade de sempre buscar melhorias em outras profissões e em suas vidas.

JCG – Durante uma temporada, nem tudo são `flores´. Quais foram as dificuldades encontradas em 2013?
Pelegrini – O caso absurdo do WO no Campeonato Paulista do Interior Sub-20, nos desgastou bastante. Quando a Federação Paulista de Futebol de Salão beneficiou a outra equipe que não cumpriu com o regulamento da competição, redigida pela própria, foi um ato de desrespeito muito grande com toda a tradição adquirida por nossa cidade na modalidade. Retirar a equipe do campeonato foi algo muito doloroso para nós, mas tínhamos como convicção que fazíamos a coisa certa, tanto é que fomos elogiados por muitas personalidades do meio, e a FPFS teve outras demonstrações de desorganização da equipe que fora beneficiada por ela, fazendo a competição sucumbir. Outra dificuldade foi a incerteza de nossos atletas, após a saída daquela competição, mas logo isso foi mudando, através da confiança que passávamos a eles. Dissemos na época que com essa atitude o futsal garcense ressurgia, e realmente ocorreu, com muita perseverança e dignidade! A FPFS já nos convidou para participarmos de seus campeonatos em 2014, um sinal interessante de amenizar esse imbróglio e que mostra a nossa correção. Mas isso cabe agora para a nossa administração esportiva analisar se é conveniente para Garça.

JCG – Você comemorou muito a campanha dos Jogos Regionais, quando o time conquistou a prata. Por que aquela competição foi tão importante para o futsal garcense?
Pelegrini – O futsal garcense na última década venceu vários Jogos Regionais, através do alto investimento que teve, fazendo com que essas conquistas não fossem mais do que a obrigação para aquela equipe no passado. Destacamos que cada conquista tem seu valor e sua história e nada, nem ninguém, muito menos nós, tem o direito de depreciá-las! Porém, já vínhamos da medalha de bronze com o SUB/21 em 2012 e conquistar a medalha de prata, de forma inesperada, com todos os atletas garcenses, sem remuneração, com média de idade de 19 anos, na categoria adulto em 2013. Foi um feito que só nós conseguimos até aqui na história dos jogos por nossa Sentinela do Planalto na modalidade. Por isso o motivo de nossa alegria, obviamente que desejávamos a medalha de ouro, mas a medalha de prata em uma competição com 42 cidades não diminuiu o grande feito do nosso grupo.

JCG  - Aliás, quando dos Regionais, você se desdobrou até como competidor, faturando pontos preciosos como nas damas. Além disso, esteve com o basquetebol, além de acompanhar outras modalidades. Qual a sensação ao final dos Jogos, após o vice-campeonato geral, devido, quase que exclusivamente, ao esforço dos atletas?
Pelegrini – O esforço foi de todos os envolvidos sem dúvida, cada profissional em seu setor foi muito importante para nossa boa apresentação nos jogos, e em principal os atletas, que elevaram Garça a esta posição inédita. Muitos devem ter a visão, através de jogos universitários já sediados por nossa cidade, que Jogos Regionais é uma grande festa, todavia estão profundamente enganados! Jogos Regionais vão além desta definição, pois é o encontro intermunicipal esportivo mais importante do ano, é o encontro entre cidades para se medir a hegemonia de seus habitantes esportivamente, consequentemente também é um evento político, visto o grande número de autoridades presentes, de transações que ocorrem para eventuais benefícios, através de projetos esportivos e sociais futuros. Referindo-me aos atletas, se já é uma competição dificílima para quem a leva a sério, os que vão com o intuito de “festar” são os que retornam mais cedo para casa com certeza! E para nós responsáveis das equipes, há descontração sim, mas o trabalho é árduo, incessante, por 24 horas, distante do conforto de nossos lares, da família, das nossas camas, nesse último ano com um frio intenso em Dracena foi bem difícil! Passamos por isso por gostarmos do que realmente fazemos e por nos sentirmos privilegiados na oportunidade de representar nossa cidade. Quanto à sensação, esta foi de dever cumprido, juntamente com o Coordenador de Esportes na época, José Luiz Fernandes Tech. Essa briosa e inédita segunda colocação, na classificação geral dos Regionais, não foi porque enfrentamos cidades mais fracas, mas sim porque trabalhamos duro e tivemos méritos de sermos mais organizados! O Tech liderou o judô, que retornou após muito tempo sem termos representantes, os PCD`s, o tradicional basquetebol, que sem o seu empenho e a imensa força de vontade dos atletas claramente não participaria do evento, o tênis de campo, damas e estava conosco no futsal, todas estas modalidades genuinamente garcenses, ele teve uma grande parcela de contribuição nesta campanha, senão a maior! Quem não é leigo no assunto, quem esteve lá realmente, fatalmente julgaria assim. Foi uma imensa perda para o esporte de Garça, logo após o evento, o Tech ter saído dessa função.

Pelegrini elogiou muito a atuação do prof. José L. F. Tech

 JCG – Em termos de esportes coletivos, o futsal é a única modalidade de quadra que esteve em atividade durante o ano todo de 2013. Aumenta a responsabilidade em defender o município, quando se sabe que é o único esporte que se manteve em alto nível?
Pelegrini – Olha, quando recebemos a missão há três anos para assumirmos o futsal, sabíamos das adversidades que teríamos. O garcense ficou acostumado com muitas conquistas, grandes jogos, aqui em Garça são quase 45 mil treinadores, somos medidos a todo o instante. Nós entendíamos que, através da realidade que tínhamos e temos atualmente, seria impossível de se ter a continuidade de resultados. Mas tínhamos que trabalhar, buscamos auxílio, lutamos para melhorar as condições da modalidade, erramos muito e em principal aprendemos muito com os atletas, contando com o apoio deles para acertarmos muito também. O desafio foi complicado, minucioso, mas acredito que conseguimos cumprir com nosso principal objetivo, que foi o de manter o futsal de Garça com dignidade e sendo respeitado diante de todos os nossos oponentes.

JCG – Chegando ao final de 2013, último jogo em Tarumã, o que um treinador fala para os seus comandados após o encerramento das competições?
Pelegrini – Não falei muito porque perdemos (risos)! E mais uma vez de maneira descabida, tivemos que jogar duas vezes contra uma equipe local. Mas sabíamos que a competição em Tarumã era somente para estendermos um pouco mais a convivência com os atletas e para podermos degustar dos nossos últimos momentos no comando da equipe no ano de 2013, ou talvez até realmente um último momento de fato, pois não temos definições do que ocorrerá em 2014.  A Copa Record foi muito importante para nós, começamos desacreditados por nossa equipe ser muito jovem, mas seguindo as fases da disputa, chegamos muito perto de colocarmos um jogo da cidade na TV novamente, de divulgarmos ainda mais nossos patrocinadores e a cidade de Garça em principal. A eliminação na semi-final foi dura, difícil de ser assimilada, consequentemente a motivação do grupo se perdeu com ela. Mas gostaria de falar a todos os atletas que estiveram conosco nesses três anos, exaltá-los e agradecer por tudo que nos ensinaram, todo carinho, por todo respeito e pelos momentos magníficos que passamos nesse período. Pedir desculpas por eventuais erros, enfim, só temos que agradecê-los!

JCG – O que faltou para o futsal no ano passado, que não pode faltar em 2014?
Pelegrini – Títulos!!! Mesmo sabendo que por trás de grandes vitórias ocorrem muitas derrotas, vencer é muito bom, nós também gostamos de ganhar, somos competitivos na essência, chegamos muito perto em 2013, talvez porque esteja pintando coisa boa aí para 2014! Mas Garça tem que ser maior que tudo, entrar forte, não dividir forças e sim somar!

 JCG – O que você enxerga no horizonte para a sua modalidade no ano que se iniciou?
Pelegrini – De um modo geral, sabemos que o craque Falcão está com um projeto novo, em nova equipe e com certeza se tornará ainda mais vencedor em Sorocaba. Tendo o grande jogador Xuxa ao seu lado, que foi revelado aqui e hoje cidadão garcense, é muito especial. Abrem-se novas perspectivas, para assistirmos bons jogos na TV e até na cidade vizinha Bauru, que agora terá  mais uma equipe, esta com um farto investimento, tendo em seu plantel dois jovens garcenses, enaltecendo ainda mais o futsal do interior do estado. Já por aqui, fomos muito consultados, por pessoas do meio da modalidade, para um eventual retorno da cidade em competições de grande porte e nossa resposta infelizmente, mesmo correndo o risco de estarmos enganados, é a de que não vemos possibilidades momentaneamente. Atualmente cidades, como Orlândia e Carlos Barbosa-RS, bem menores do que Garça, tem grande destaque na mídia em geral. O futsal é o esporte mais praticado do país com uma cobertura cada vez maior, principalmente na tv fechada que hoje postula com milhões de assinantes por todo o país. Contudo, nossas tentativas estão sendo sempre frustradas na busca de um aporte financeiro que propicie com que o futsal de nossa cidade volte a almejar voos mais altos. O que aparenta é que só temos uma empresa em Garça com receita anual ou até mensal milionária, parece que só temos um empresário, bem sucedido, que tem ou já teve vistas ao esporte. Algumas empresas de Garça se voltam para ações sociais, doações a entidades filantrópicas é nítido que estas ações são totalmente pertinentes a nossa comunidade também. Escolhem somente o método de “doar os peixes e não de ensinar a pescar”. Mas se esquecem, ou preferem ficar alienados, de que o esporte também envolve o social, a saúde, a educação e principalmente o retorno de marketing para elas. Gastam absurdamente com propagandas na tv, cem, duzentos mil reais mensais por segundos, sendo que em um jogo que geralmente tem duração de uma hora, uma hora e meia, a exposição de suas marcas na mídia televisiva seria muito maior. Isto sem contar da lei de incentivo ao esporte! As empresas daqui, que poderiam muito bem consultar seus respectivos departamentos de contabilidade e destinar 1% do imposto de renda delas ao esporte de Garça, infelizmente preferem destinar esse percentual ao governo, talvez porque o governo seja mais carente de dinheiro, não é mesmo? Mas enfocamos que, cada um tem o direito de investir o seu dinheiro onde quer que seja, estamos emitindo apenas a nossa humilde opinião. Espero um dia ganhar na mega sena, o problema é que dificilmente eu jogo, mas que neste dia com certeza, Garça terá mais um milionário, que vai abrir as portas para alguém com vontade de trabalhar, que tenha um bom projeto esportivo, bem planejado claro! Pois sem organização eu também não faria loucuras com o meu dinheiro.

JCG – Qual o seu maior desejo esportivo para a temporada? E o que aconteceu no último ano que não pode se repetir no futuro?
Pelegrini – Meu maior desejo é que alguém da iniciativa privada possa ver com bons olhos o esporte da cidade, que Garça tenha ao menos uma equipe de alto rendimento em qualquer modalidade coletiva, que dispute grandes jogos no Ginásio João Gonzales, com grande público, que tenhamos um atrativo para crianças, jovens, enfim para toda a família prestigiar, assim como já tivemos um dia. É notório que os hábitos das crianças e dos jovens mudaram vertiginosamente nos dias atuais, infelizmente estão até mais expostos a coisas ruins e isso é muito preocupante. O chavão clássico de se tirar crianças e jovens da ociosidade, tirá-las das ruas, é também muito importante conciliando isto com o esporte. Entretanto, acreditamos que ainda sejam necessários parâmetros, muitos jovens ainda sonham com o futsal, pois tínhamos uma referência, `taí´ a importância do rendimento. O esporte disciplina seus praticantes, ajuda a educar, serve para oportunizar, para dar um futuro melhor aos jovens ou guiá-los para bons caminhos mesmo que seus futuros sejam em outras áreas distantes dele. Hoje temos atletas que foram revelados aqui, tanto no futsal quanto no basquetebol, que agarraram a oportunidade diante da estrutura que tínhamos e vivem do esporte hoje. Quanto a não querer que se repita algo em 2014. Vimos que nesse ano de transição, nossa administração esportiva foi criticada duramente por parte da imprensa esportiva local e por muitas outras partes do segmento, em sua maioria por críticas certeiras, com dados relevantes. Se alguns dos problemas já ocorriam anteriormente, essa não é uma justificativa plausível para se continuar com os erros. Estarem antenados desde o início do trabalho para não cometer os mesmos equívocos é o que se esperava. Consideramos a crítica importante, ela nos fortalece para melhorarmos, acredito que nosso comando esportivo, se pensar dessa mesma maneira, irá evoluir bastante em 2014 e vai se fortalecer dando continuidade também aos acertos que consequentemente tiveram em 2013. Além disso, nós gostaríamos muito que houvesse uma trégua entre o renomado prof. Marco Antonio Morais e membros da atual Administração. É muito triste, para nós que somos amantes do esporte, olharmos de fora essa situação que vem se alargando com o tempo e se tornando cada vez mais complicada. Analisamos isso como uma queda de braço desnecessária, onde quem perde com tudo isso são três vértices: a Administração que perde um profissional ímpar e competente não somente na modalidade basquetebol, onde teve êxitos extraordinários, mas também na parte burocrática esportiva, o próprio Marcão que fica desta forma distante do que com certeza sabe fazer e sempre fez com prazer e a comunidade esportiva garcense que acaba ficando refém desta situação. Se todas as partes almejam o bem comum do nosso esporte, como realmente acreditamos. Será que não é o momento de deixarem as desavenças, apararem as arestas, passarem por cima das diferenças e todos lutarem juntos para o bem de Garça e do nosso esporte? Sabemos que polemizamos com referido assunto, com certeza talvez sejamos nós os primeiros a mencionar sobre esse assunto indelicado publicamente. Temos conhecimento da causa, dos acontecimentos, mas gostaríamos muito que ambos os lados acenassem com uma aproximação. Temos a certeza que todos iriam ganhar! Antes de tudo, gostaria de frisar que esta é uma opinião particular de Cassiano Pelegrini de Souza, sem qualquer pressão, indicação ou referência, onde temos total consciência dos nossos atos, falas ou escritas. E para finalizar, desejar a toda à população de Garça um excelente ano de 2014, que esse novo ano que já iniciamos seja uma porta aberta para novos sonhos, renovações de fé e muita paz para o nosso mundo. Um forte abraço!

Futsal manteve o alto nível sob o comando do jovem Pelegrini