sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Recordar é Viver: "Nôzinho, um meio-campista cheio de classe e elegância"









Por Wanderley `Tico´ Cassolla


A coluna que tem como principal objetivo mostrar os times e jogadores que desfilaram nos gramados garcenses do passado, ultimamente não tem trazido boas notícias. Mas faz parte de nossas reminiscências. É que infelizmente muitos jogadores que fizeram história com a bola nos pés (ou mãos) tem nos deixado, partido para os campos celestiais. Só nos resta prestar uma simples homenagem,  e dar o último adeus.  
                            
Ainda no ultimo dia 05 de agosto, recebemos a triste noticia do falecimento do Antenor Teixeira, o “Nôzinho”, na vizinha cidade de Marília. O Nôzinho foi um grande amigo nosso, praticamente começamos a jogar bola na várzea na mesma época, no começo dos anos 70. Ele foi um dos melhores meio campistas com quem joguei, tinha uma facilidade incrível para “bater’ na bola, e um passe de primeira, com muita precisão.

O Nôzinho tem suas raízes na Vila Nova (atual Araceli), onde já se destacava da molecada nos jogos de rua. Tudo graças ao pai, o Sr. Jorge Teixeira, e o tio Pedro Teixeira, dois grandes incentivadores do futebol na Vila, sempre montando times para disputar o varzeano. Quem não lembra das equipes do Tupi, Araceli, entre outras?

Eu já conhecia o Nôzinho das competições escolares. A nossa ligação se tornou mais forte, quando o tradicional Ipiranga (fundado em 21/02/1960), iniciou uma renovação no elenco. O time vermelho e branco, contava com jogadores “veteranos”, e corria atrás do primeiro título há mais de 10 anos. A diretoria optou por uma boa reformulação e “contratou” o Nôzinho, Alcir, Sambinha, Fabron, Carlinhos  Tucilo e este articulista. O Ipiranga deu uma melhorada considerável.

A partir daí passei a jogar ao lado do Nôzinho, confirmei que ele era bom de bola mesmo. Logo de cara já ganhou a posição de titular no meio de campo. Com a camisa 8, fazia com maestria o elo de ligação para o ataque. Tinha boa colocação em campo, sabia ocupar os espaços vazios, estava sempre livre. Parece que tinha um “imã”, a bola chegava nele toda hora. Eu era ainda reserva do Cláudião Eletricista, e lá do banco, ficava só observando. Aos poucos o Ipiranga foi entrosando, acertando o meio de campo, formado pelo Alcir (volante recuado), Nôzinho, Chico Ramalho e Toninho Marques, estes mais armadores.

O futebol do Nôzinho foi melhorando a cada jogo. Não era de marcar gols, mas tinha facilidades de preparar jogadas pros atacantes finalizar. Tempos depois, passei a titular, e deslanchei a marcar gols. Também com um meio de campo deste, não era tarefa difícil. A bola chegava redondinha, era só estufar as redes.

Lembro que numa ocasião, dirigentes da Ponte Preta estiveram em Garça, e assistiram um jogo do Ipiranga no “Platzeck”. Não deu outra. Ao final fizeram convite pro Nozinho ir treinar no time ponte-pretano. Por mais que insistiram, ele não quis ir. Seu objetivo não se tornar  um atleta profissional. O futebol era apenas um lazer. Assim como o destino não quis. 

Fomos campeões duas vezes do varzeano: em 1.976 e 1.979, este último ano de forma invicta. Veja o Ipiranga do ano de 1.975, vice campeão, quando perdeu o título para o Frigus, na disputa de penalidades máximas. Em pé, da esquerda para direita: Cabrini, Corinho, Béia, Robson “Pezão”, Alcir e Joatan; agachados: Nôzinho, Sarará, Chico Ramalho, Tico, Cidão e Lourenço Sebastião (massagista).

Nos anos 80, o Nôzinho foi jogar no futebol suíço, lá no “terrão”, atrás do Hospital São Lucas. Disputou grandes temporadas pelo Salão Carter. Veja uma das formações do time comandado pelos “irmãos Uzai”. Em pé, da esquerda para direita: Zé Carlos, Marinho Coraza, Cidão, Tonho goleiro, Zé Uzai e Betão Beline; agachados: Decika, Gilmar Mantovaneli, Laerte Rodela, Carlinhos Tucilo e Nôzinho. Na outra foto, veja o Nôzinho, nos anos 70, com a camisa branca do Ipiranga. E a última foto de boné, registrada no ultimo mês de junho pelo amigo Luiz Antonio da Cruz, na cidade de Marília.

No lado profissional, o Nôzinho trabalhou  por muito tempo aqui na TELESP (atual Vivo), na esquina das Ruas Deputado Manoel Joaquim Fernandes com Barão do Rio Branco. até que foi  transferido para a cidade de Marília. Trabalhou naquela  companhia, até atingir a aposentadoria, no ano de 2.007. Antenor “Nôzinho” Teixeira, faleceu no último dia cinco de agosto, aos 64 anos de idade. Como bem disse, o amigo Toninho Marques, dos tempos do Ipiranga: “o Nôzinho, como jogador, foi um digno representante do futebol arte, cheio de classe e de categoria”.