Por Wanderley `Tico´ Cassolla
A coluna que tem como
principal objetivo mostrar os times e jogadores que desfilaram nos gramados
garcenses do passado, ultimamente não tem trazido boas notícias. Mas faz parte
de nossas reminiscências. É que infelizmente muitos jogadores que fizeram
história com a bola nos pés (ou mãos) tem nos deixado, partido para os campos
celestiais. Só nos resta prestar uma simples homenagem, e dar o último adeus.
Ainda no ultimo dia 05 de
agosto, recebemos a triste noticia do falecimento do Antenor Teixeira, o
“Nôzinho”, na vizinha cidade de Marília. O Nôzinho foi um grande amigo nosso,
praticamente começamos a jogar bola na várzea na mesma época, no começo dos
anos 70. Ele foi um dos melhores meio campistas com quem joguei, tinha uma
facilidade incrível para “bater’ na bola, e um passe de primeira, com muita
precisão.
O Nôzinho tem suas raízes
na Vila Nova (atual Araceli), onde já se destacava da molecada nos jogos de
rua. Tudo graças ao pai, o Sr. Jorge Teixeira, e o tio Pedro Teixeira, dois
grandes incentivadores do futebol na Vila, sempre montando times para disputar
o varzeano. Quem não lembra das equipes do Tupi, Araceli, entre outras?
Eu já conhecia o Nôzinho
das competições escolares. A nossa ligação se tornou mais forte, quando o
tradicional Ipiranga (fundado em 21/02/1960), iniciou uma renovação no elenco.
O time vermelho e branco, contava com jogadores “veteranos”, e corria atrás do
primeiro título há mais de 10 anos. A diretoria optou por uma boa reformulação e
“contratou” o Nôzinho, Alcir, Sambinha, Fabron, Carlinhos Tucilo e este articulista. O Ipiranga deu uma
melhorada considerável.
A partir daí passei a jogar
ao lado do Nôzinho, confirmei que ele era bom de bola mesmo. Logo de cara já
ganhou a posição de titular no meio de campo. Com a camisa 8, fazia com
maestria o elo de ligação para o ataque. Tinha boa colocação em campo, sabia
ocupar os espaços vazios, estava sempre livre. Parece que tinha um “imã”, a
bola chegava nele toda hora. Eu era ainda reserva do Cláudião Eletricista, e lá
do banco, ficava só observando. Aos poucos o Ipiranga foi entrosando, acertando
o meio de campo, formado pelo Alcir (volante recuado), Nôzinho, Chico Ramalho e
Toninho Marques, estes mais armadores.
O futebol do Nôzinho foi
melhorando a cada jogo. Não era de marcar gols, mas tinha facilidades de
preparar jogadas pros atacantes finalizar. Tempos depois, passei a titular, e
deslanchei a marcar gols. Também com um meio de campo deste, não era tarefa
difícil. A bola chegava redondinha, era só estufar as redes.
Lembro que numa ocasião,
dirigentes da Ponte Preta estiveram em Garça, e assistiram um jogo do Ipiranga
no “Platzeck”. Não deu outra. Ao final fizeram convite pro Nozinho ir treinar
no time ponte-pretano. Por mais que insistiram, ele não quis ir. Seu objetivo
não se tornar um atleta profissional. O
futebol era apenas um lazer. Assim como o destino não quis.
Fomos campeões duas vezes
do varzeano: em 1.976 e 1.979, este último ano de forma invicta. Veja o
Ipiranga do ano de 1.975, vice campeão, quando perdeu o título para o Frigus,
na disputa de penalidades máximas. Em pé, da esquerda para direita: Cabrini, Corinho,
Béia, Robson “Pezão”, Alcir e Joatan; agachados: Nôzinho, Sarará, Chico
Ramalho, Tico, Cidão e Lourenço Sebastião (massagista).
Nos anos 80, o Nôzinho foi
jogar no futebol suíço, lá no “terrão”, atrás do Hospital São Lucas. Disputou
grandes temporadas pelo Salão Carter. Veja uma das formações do time comandado
pelos “irmãos Uzai”. Em pé, da esquerda para direita: Zé Carlos, Marinho
Coraza, Cidão, Tonho goleiro, Zé Uzai e Betão Beline; agachados: Decika, Gilmar
Mantovaneli, Laerte Rodela, Carlinhos Tucilo e Nôzinho. Na outra foto, veja o
Nôzinho, nos anos 70, com a camisa branca do Ipiranga. E a última foto de boné,
registrada no ultimo mês de junho pelo amigo Luiz Antonio da Cruz, na cidade de
Marília.
No lado profissional, o
Nôzinho trabalhou por muito tempo aqui
na TELESP (atual Vivo), na esquina das Ruas Deputado Manoel Joaquim Fernandes
com Barão do Rio Branco. até que foi
transferido para a cidade de Marília. Trabalhou naquela companhia, até atingir a aposentadoria, no
ano de 2.007. Antenor “Nôzinho” Teixeira, faleceu no último dia cinco de agosto,
aos 64 anos de idade. Como bem disse, o amigo Toninho Marques, dos tempos do
Ipiranga: “o Nôzinho, como jogador, foi um digno representante do futebol arte,
cheio de classe e de categoria”.