sexta-feira, 20 de maio de 2022

Recordar é Viver: "Moysés R. de Santana, uma lenda do apito"

 





Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Recebi durante a semana o mural que foi criado pelos familiares do ex-árbitro Moisés Rodrigues de Santana, a lenda da arbitragem garcense, que faleceu no começo deste ano.

Nele estão expostos verdadeiras relíquias (foto), que o `juizão´ Moisés colecionou em sua passagem entre nós, mais especificamente no futebol: os apitos, distintivo da Federação Paulista de Futebol, fotos com os colegas da arbitragem, troféus e medalhas das homenagens que recebeu. E orgulhosamente, estou fazendo parte desta história, numa foto ao lado do Sr. Moisés e do filho Álvaro. Uma linda homenagem do filho Álvaro para eternizar a lembrança e a memória do patrono dos Santana.   

LENDA DO APITO: Dos bem vividos 92 anos, o Moisés passou cerca de 75 anos em Garça, e destes, uns 50 anos fazendo aquilo que mais gostava: apitar jogos. Aqui chegou no ano de 1.947, para não sair mais. Constituiu uma linda família, juntamente com a esposa Elza, e os filhos, Fátima, Aldemar, Álvaro, Antônio Carlos, Aldair e Altair.

Um baiano “porreta”, nascido na pequena Jacaraci, que veio com os pais para o Estado de São Paulo, parando na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, depois na zona rural de Gália, na antiga Companhia Inglesa e, finalmente, o destino final: Garça, “a sua querida e bonita Garça”, como sempre falava orgulhosamente.

Começou trabalhando como mecânico. Não demorou muito para apitar jogos. As primeiras atuações foram no antigo Campo de Vila Williams, ao lado do Bosque Municipal, campo de terra. “Assoprava a latinha” sozinho, não contava com o auxílio dos bandeirinhas.

Não demorou muito tempo, fez o curso de arbitragem, promovido pela Federação Paulista de Futebol, em Marília. Terminou como destaque da turma, graças ao conhecimento que tinha das 17 regras.

Começou, então, a dirigir jogos na região de Marilia. Logo percorria o Estado de São Paulo inteiro, demonstrando um apego inexplicável com a difícil missão que escolheu. Uma paixão muito complicada de ser compreendida. Formou uma grande dupla, com o também garcense Walter Bosque Garcia, o “Palmital”. Sempre eram requisitados pra trabalhar em jogos difíceis e decisões por todo interior paulista. Mas tiravam de letra, ou melhor, “assoprando bem a latinha”.

Moysés esteve presente em grandes momentos de nossa várzea, até se aposentar da arbitragem no ano de 1995, num jogo realizado Campo do “Toyotão”, onde o Guanabara bateu o Cavalcante, 4 x 1, válido pelo campeonato citadino.

Foi justamente neste campo onde trabalhou como “zelador”, desde a sua inauguração em 12 de abril de l980, contratado que foi pela Prefeitura Municipal, na época do prefeito Francisco de Assis Bosquê.

Anteriormente, trabalhou no Frigus-Frigoríficos Unidos, Alves e Ramos Construtora, Engeter Construções Ltda e na Indústria de Rastelos São Francisco. De forma oficial “pendurou” a chuteira, ou melhor, o apito, sem contudo abandonar os campos. Vez ou outra estava apitando um amistoso ou um jogo festivo de final de ano. 

Nos últimos anos era um dos destaques no torneio de cobrança de pênaltis, realizados no Garça Tênis Clube. Esteve presente em todas as dez edições. Foi um palmeirense fanático, desde os tempos da Academia, comandada por Dudu e Ademir da Guia. Ajudou o filho a montar o Palmeiras, para disputar o municipal de futebol suíço master. O Sr. Moisés faleceu no dia 06 de janeiro de 2.022, aos 92 anos.

Por todo este retrospecto, e por tudo que fez pelo esporte garcense, acredito que o Sr. Moisés, ainda receberá uma merecida homenagem, que o deixará eternizado em nossa cidade.