Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Confesso
que já li este texto várias vezes. E quanto mais leio, admiro ainda mais o
ex-jogador de futebol Paulo Roberto Falcão, o “Rei de Roma”, pela bela atitude,
de ter ajudado o poeta Mario Quintana.
Agora
se é verdade ou não o que aconteceu, eu deixo por conta do amigo leitor. Seria
um caso verídico? Ou mais um “conto” espalhado na net. O leitor que tire sua
conclusão.
Mas
partindo do abelardo-lusense Falcão, não duvido não. Um dos maiores volantes da
história do futebol brasileiro, jaqueta 5, numa carreira de sucesso no
Internacional (Porto Alegre), Roma, São Paulo e Seleção Brasileira. Dominava
muito bem os três itens básico de um atleta: domínio da bola, controle e
finalização. Um jogador diferenciado, muito a frente do seu tempo, dentro e
fora dos gramados.
Quem
sempre me falava dele era o ex-goleiro Waldir Peres: “Tico, no futebol fiz
muitos amigos. Mais o melhor de todos, o mais leal, foi o Falcão
(ex-Internacional). Uma pessoa de uma sutileza, de um caráter fora do comum.
Vivenciei uma época com grandes e consagrados jogadores, mas como o Falcão não
tem. Jogamos juntos na Seleção Brasileira, na Copa de 1.982. Desde então, nos
tratávamos como verdadeiros irmãos. Uma prova: Quando o Falcão lançou o seu
livro: `Brasil, o time que perdeu a Copa e conquistou o mundo´ fui um dos
convidados e prazerosamente estive presente."
Mas
vamos ao “conto” do médico e
escritor pernambucano Roberto Vieira, onde relata que no ano de 1.983, o poeta Mário
Quintana estaria “desempregado, sem dinheiro e que teria sido expulso do Hotel
Majestic”, em Porto Alegre.
“O Hotel Majestic colocou Mário Quintana no olho da rua. A miséria havia
chegado absoluta ao universo do poeta. Mário não se casou e não tinha filhos.
Estava
só, falido, desesperançoso e sem ter para onde ir. O porteiro do hotel, jogou
na calçada um agasalho de Mário, que tinha ficado no quarto, e disse com
frieza: "- Toma, velho, derrotado", recitou o porteiro. A poesia não se entrega
a quem a define. Mário estava só. Absolutamente só. Onde estavam os
passarinhos?
A
sarjeta aguardava o ancião. Alguém, como Mário Quintana, jogado à própria sorte.
Paulo Roberto Falcão, que jogava na Roma, à época, estava de férias em sua
cidade natal e soube do acontecido.
Imediatamente
se dirigiu ao hotel e observou aquela cena absurda. Triste, Mário chorava. O
craque estacionou seu carro, caminhou até o poeta e indagou: “Sr. Quintana, o
que está acontecendo”?
Mário
ergueu os olhos e enxugou as lágrimas - daquelas que insistem em povoar os
olhos dos poetas - e, reconhecendo o craque, lhe disse: “Quisera não fossem
lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha
mãe e fosse engenheiro, médico, professor. Ninguém vive de comer poesia”.
Mário
explicou a Falcão que todo seu dinheiro acabara, que tudo o que possuía não era
suficiente para pagar sequer uma diária do hotel. Seus bens se resumiam apenas
às malas depositadas na calçada.
De
súbito, Falcão colocou a bagagem em seu carro, no mais completo silêncio. E, em
silencio, abriu a porta para Mário e o convidou a sentar-se no banco do carona.
Manobrou
e estacionou na garagem de um outro hotel, o pomposo Royal. Desceu as malas.
Chamou o gerente e lhe disse: "O Sr. Mário Quintana agora é meu hóspede" "Por
quanto tempo, Sr. Falcão?" indagou o funcionário. O jogador observou o olhar
tímido e surpreso do poeta e, enquanto o abraçava, comovido, respondeu: “Por
toda a eternidade”. O Hotel Royal pertencia ao jogador. O poeta Mário de Miranda
Quintana nasceu em Alegrete/RS, no dia 30 de julho de 1.906 e faleceu no dia 5
de maio de 1.994.
Por isto serei sempre fã deste jogador, o lendário Paulo Roberto Falcão !!!