sexta-feira, 22 de julho de 2022

Recordar é Viver: " Mauro `Parafuso´, um lateral que impunha respeito

 


Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Tempos atrás encontrei o Pedro Soares, centroavante e também presidente do time master do Pé de Cana, que me perguntou: “Tico, por onde será que anda o Mauro “Parafuso”, aquele lateral esquerdo, esbelto, com quem joguei no Frigus, nos anos 70? De pronto, respondi: “Pedro, lembro dele sim, joguei com ele no Ipiranga, mas faz tempo que não o vejo. É irmão do goleiro Silvio, que jogou no Garça. Acho que mudou de Garça”. Não o vejo faz tempo.

E não é que na semana passada, dei de cara com Mauro Maciel, o “Parafuso”, aqui em Garça? Continua firme, corpo ainda de atleta, e feliz da vida, pois acaba de se aposentar. Até me falou que retornou para ficar, creio que definitivamente. Também comentou que tinha umas fotos dos tempos que jogou bola. Então combinamos de ver as fotos e alguns recortes de jornal. No último sábado fomos até a casa dele, lá pelos lados da Vila Mariana. Foi um papo pra lá de agradável, uma resenha da boa, cheia de repeteco de jogadas, lances curiosos e até gols.

Dentre as curiosidades, ficamos sabendo que o Mauro “Parafuso” tem mais dois irmãos `bãos´ de bola: Carlão “Maracanã” (já falecido) e o Sílvio, que era extremamente versátil, jogava de centroavante e de goleiro, dependendo do jogo. O Silvio foi até goleiro do Garça. Que o apelido “Parafuso” ganhou dos amigos na época que trabalhou no Frigus. Que a irmã Luzia Maciel foi corredora, e medalhista campeã no JOGAI: Jogos Garcenses dos Incríveis, evento promovido pelo Fundo Social de Solidariedade de Garça no ano de 2.018. A medalha ela tem guardada com muito carinho e fez questão de mostrar (foto).

Que o Mauro “Parafuso” era lateral esquerdo, e quando precisava jogava também de quarto zagueiro. É torcedor do Corinthians, e seu ídolo no futebol é um tal de Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Aí perguntei o porque?: “Eu tive a felicidade de ver o craque Sócrates jogar ao vivo no Botafogo, de Ribeirão Preto. Morei uns tempos na “Califórnia Brasileira” e ia assistir aos jogos do “Fogão”. Às vezes encontrava no campo o Helinho Tercioti, que jogou bola aqui em Garça. Agora ver o Sócrates em campo foi demais. Ele sabia tudo de bola, desde o posicionamento, passes da bola de calcanhar e movimentação no gramado. Na maioria das vezes, eu ficava em pé no alambrado, admirando suas jogadas e tinha que aplaudir. Na minha opinião, o futebol brasileiro jamais terá um outro Sócrates. É o tipo de jogador que aparece de 100 em 100 anos”.

"E sua carreira no futebol Mauro “Parafuso”? "Comecei a jogar bola desde moleque. Na época que morava na Vila Salgueiro e tínhamos o time da molecada. Jogávamos descalços. Às vezes era um chutão e a unha do dedão quase ia junto. Lembro que nosso time ia jogar contra o time da molecada, filhos dos ferroviários da estação do Trem da Paulista. Lá tinha um campinho, trave torta, grama bem rala. Muitas vezes o goleiro deles era o Waldir Perez, um pouco mais velho que nós, mas que já pegava muito. Era difícil marcar um gol nele". Aí perguntei: "Você fez algum gol nele?"  "Vou falar a verdade: num jogo marques três: um de falta, outro chutei no canto, e o terceiro driblei dois zagueiros, o Waldir e entrei como bola e tudo. Pode escrever, aí”

"Os times que você jogou?" "O primeiro foi o Guarany, da Vila Nova, do técnico Pedro Sapeca. Depois no Ipiranga, Frigus, VIJOR e Ouro Verde. Saí uns tempos de Garça, morei em Avaí e Bauru, e nas duas cidades bati uma bolinha também”.

E prosseguiu:

"Mas o melhor tempo do meu futebol foi em Garça. Joguei no Ipiranga, um timaço, que tinha Corinho, Chico Ramalho, Toninho Marques, Sarará, Berto Nico e outros mais. E o Frigus então, com o Clecinho, Túlio Calegaro, Polaco, o goleiro Luizinho Andrade, Ditinho Marcola, o Zirtinho, o melhor cobrador de faltas que vi, e vários outros."

Recordamos umas da formações do Frigus, em pé da esquerda para direita: Clecinho, Luizinho Andrade, Natal, Mauro “Parafuso”, Iza Moreira, Spigolon e Robertinho Castanha; agachados: Massagista Zé Carlos, Ditinho, Zirtinho, Ike, Ribeiro, Ditinho Marcola e Edson Tercioti.



Seleção Amadora: “Também fui convocado para jogar em várias seleções que eram montadas com os melhores jogadores que estavam disputando o campeonato. Recordo de um jogo contra o time principal do MAC, a noite, no Platzeck. Nossa seleção era forte, tinha o Jair goleiro, Túlio, o habilidoso Gininho, o Paulinho e Osmar, que eram de Gália. Olha, perdemos para um time profissional, acho que foi 1 a 0. Mas aprontei uma correria danada pra cima deles. Tanto é que o Cacá e o Rui Lima, atacantes do MAC., durante o jogo,  pediram para eu parar de apoiar o ataque, se eu era um profissional”. Veja a seleção amadora, em pé da esquerda para direita: Jair Proença, Mauro “Parafuso”, Túlio Calegaro, Corinho, Marcelo e Osmar; agachados: Zirtinho, Gininho, Paulinho, Tico, Toninho Marques e Levi massagista.

"Tomou muitos cartões vermelhos?" “Pouco, para um zagueiro, creio que no total foram só três. Eu gostava era de jogar na bola. Gostava e respeitava as atuações do Valter Palmital, Moisés Santana, Jomar Português e do Tio Antenor, eles apitavam muito e certinho”.

No flagrante abaixo, vemos o Mauro “Parafuso”, posando com a inseparável bola e uma foto do VIJOR, ao lado da irmã Luzia, do mano Benedito e da sobrinha Laura. Pra mim a Laura é bastante corintiana.

Antes de ir embora, perguntei: "E aí Mauro “Parafuso”, para você quem vai decidir a próxima Copa do Mundo de Futebol do Catar e quem será o campeão?" “Eu acho que o título será decidido entre Brasil x Alemanha. Mas se o Brasil jogar o seu futebol coletivo, não tem pra ninguém. Brasil campeão."

Ao seu lado a irmã Luzia emendou: “Pra mim Brasil e Argentina vão disputar o título”. Aí perguntei: E quem será campeão? Ela respondeu: “O título será decidido na cobrança de pênaltis. E no sufoco vai dar Brasil” !!!