Uma propaganda da Caixa Econômica Federal nos jornais de hoje (19) me incomodou bastante. “Esse povo tem um time. Esse povo tem um banco”, diz o texto, ao lado de um escudo do Corinthians e acima de uma foto de torcedores comemorando.
A instituição bancária estatal repete o marketing da exclusão bancado por Rosenberg. O Corinthians querer marcar posição como uma nação, o povo eleito é até aceitável. Reforça a marca, ajuda a criar um elo de união. Criar, não, pois ele já existe. Ajuda a reforçar. Se eles querem acreditar que são um “povo” é problema deles. A Caixa, que é do Brasil, não pode.
Aqui, um esclarecimento. Não vi nada de errado no patrocínio da Caixa ao Corinthians. Ela já patrocinava o Atlético-PR e ninguém reclamava. Também acho que o valor pago está dentro do que é ditado pelo mercado. E quem fica se apegando a isso para desmerecer o título do Corinthians vai perder tempo. É chororô apenas.
A bronca é contra a Caixa mesmo. Nem discuto se, mercadologicamente falando, a propaganda é uma boa ou não. Não sei se os corintianos aderirão em massa à Caixa. Não sei se os outros torcedores sairão de lá. Isso nem me interessa. É problema da Caixa.
O que eu não aceito é que uma instituição bancária estatal assuma o discurso de que há um povo corintiano e um povo brasileiro. Então, se eu não for corintiano, farei parte de um povo diferente do Romuca, Alemão, do Moacyr, do Ubiratan, do Lula? Eu não quero. Somos do mesmo povo. Somos brasileiros.
Imaginem se, em vez de uma foto com corintianos soltando rojões, houvesse um grupo de jovens loiros, de olhos azuis e cabelos raspadíssimos. Todos com a mão direira estendida. E se houvesse um banco dizendoque privilegia esse “povo”.
Seria algo perigoso, não?
Extraído do Blog do Menon