Por Wanderley `Tico´ Cassolla
O futebol amador de nossa
cidade sempre contou com bons jogadores. Outrora, não podemos negar, a safra
daqueles que “batiam um bolão” era das melhores. De Garça a coluna já recordou um
montão de jogadores. Dias atrás me perguntaram: e do distrito de Jafa, quem foi
o melhor? Fui a campo e conversando com três antigos esportistas jafenses, a
resposta foi unânime: Aparecido Tramontini. Bom, a próxima meta foi localizar e
convencer o Cido Tramontini a dar a entrevista. Não foi fácil mas conseguimos. Vindo de uma família
rurícola, moradores do Sítio Boa Esperança, no bairro Santo André, o Cido
Tramontini começou a jogar bola bem jovem, com apenas 16 anos de idade, já
defendia a Esportiva Jafense.
De início começou de
zagueiro. Só que com a bola dominada, tinha facilidade para ir pro ataque. Não demorou
muito e foi deslocado para o meio de campo, ora como médio volante, às vezes como meia armador. Na época tinha um
excelente preparo físico, o que facilitava o seu deslocamento em campo. Com bom domínio de bola, possuía uma outra
especialidade: nas cobranças de faltas, sempre balançava as redes contrárias. Se
destacando no futebol jafense, recebeu convite para jogar no bom time do Nissey
Clube, aqui de Garça, e foi campeão varzeano de 1956. Depois voltou para a Jafa,
e integrou o memorável esquadrão da Esportiva Jafense, campeã” do setor quatro
do Campeonato Amador do Estado. A final, foi disputada contra a Veracruzense.
No primeiro jogo, em Jafa, no Estádio “Dr. Rafael Paes de Barros”, vitória por 1 a
0. Na segunda partida, em Vera Cruz, num feriado de 7 de setembro, um campo
lotado e muita pressão, empate em 1 a 1, e a classificação. O time que jogou em
Vera Cruz é o da foto. Em pé da esquerda para direita: Cido Tramontini,
Roberto, Zé Goleiro, Trincão, Zé Devito e Tonho Devito; agachados: Luiz
Garrincha, Toninho Maceloni, Aníbal Bonfim, João Trinca e Martinez. O gol foi
de Toninho Maceloni. Na outra foto, posando com o colegas de equipe: Cido,
Antonio Trinca e Zé Devito.
Depois o Cido Tramontini foi convidado para treinar no Cambé. Na
equipe paranaense fez dois jogos. Derrota em Cornélio Procópio por 1 a 0, e
vitória em casa, em cima da Ferroviária de Assis, por 5 a 1. Mesmo assim não
ficou por lá. De volta a Jafa, o sr. Francisco Pereira (irmão do Salvador
Pereira, de tradicional família jafense), insistiu para ele ir treinar no São
Paulo. Apesar de lá já estar tudo certo, acabou não aceitando o convite. Jamais
imaginava um caipira do interior
chegando para treinar no São Paulo.
Não era mesmo para ser jogador de futebol.
Nos anos 60, Cido Tramontini defendeu o Garça, que contava em suas fileiras com
o goleiro Valter Palmital, Agamenon, Goiano, Ricci, Irineu Palmeira, Damazini e
Plínio Dias. Até que resolveu parar com a bola ainda jovem com 33 anos, na
Jafense. Em sua carreira conviveu com grandes jogadores, dentre eles, o João Trinca,
Rici, Irineu Palmeira, Gimenez, Aníbal e Inocêncio “Rabudinho”. Dos mais novos,
os irmãos Florentino, Dioni e Miau, eram muito bons de bola. Na outra foto veja
como está o palmeirense Cido Tramontini, esbanjando saúde e vitalidade, nos
seus bens vividos 76 anos de idade. E o melhor jogador que desfilou nos gramados
jafenses, se trata de uma pessoa simples, humilde e de pouca conversa, com boas
histórias para contar. Mas, inegavelmente, jogou um futebol de gente grande.