sábado, 12 de dezembro de 2015

Recordar é Viver: `Cido Tramontini, o craque da bola em Jafa´









Por Wanderley `Tico´ Cassolla 


O futebol amador de nossa cidade sempre contou com bons jogadores. Outrora, não podemos negar, a safra daqueles que “batiam um bolão” era das melhores. De Garça a coluna já recordou um montão de jogadores. Dias atrás me perguntaram: e do distrito de Jafa, quem foi o melhor? Fui a campo e conversando com três antigos esportistas jafenses, a resposta foi unânime: Aparecido Tramontini. Bom, a próxima meta foi localizar e convencer o Cido Tramontini a dar a entrevista. Não foi fácil mas conseguimos. Vindo de uma família rurícola, moradores do Sítio Boa Esperança, no bairro Santo André, o Cido Tramontini começou a jogar bola bem jovem, com apenas 16 anos de idade, já defendia a Esportiva Jafense.

De início começou de zagueiro. Só que com a bola dominada, tinha facilidade para ir pro ataque. Não demorou muito e foi deslocado para o meio de campo, ora como médio volante, às  vezes como meia armador. Na época tinha um excelente preparo físico, o que facilitava o seu deslocamento em campo. Com bom domínio de bola, possuía uma outra especialidade: nas cobranças de faltas, sempre balançava as redes contrárias. Se destacando no futebol jafense, recebeu convite para jogar no bom time do Nissey Clube, aqui de Garça, e foi campeão varzeano de 1956. Depois voltou para a Jafa, e integrou o memorável esquadrão da Esportiva Jafense, campeã” do setor quatro do Campeonato Amador do Estado. A final, foi disputada contra a Veracruzense. No primeiro jogo, em Jafa, no Estádio “Dr. Rafael Paes de Barros”, vitória por 1 a 0. Na segunda partida, em Vera Cruz, num feriado de 7 de setembro, um campo lotado e muita pressão, empate em 1 a 1, e a classificação. O time que jogou em Vera Cruz é o da foto. Em pé da esquerda para direita: Cido Tramontini, Roberto, Zé Goleiro, Trincão, Zé Devito e Tonho Devito; agachados: Luiz Garrincha, Toninho Maceloni, Aníbal Bonfim, João Trinca e Martinez. O gol foi de Toninho Maceloni. Na outra foto, posando com o colegas de equipe: Cido, Antonio Trinca e Zé Devito.

No ano seguinte foi a vez do Cido Tramontini jogar no forte do Bar Antarctica, que outrora fez sucesso na várzea garcense. O time comandado pelos Irmãos Tarora, disputou um grande campeonato e conquistou o certame varzeano da temporada de 1.958. Só não foi bi-campeão, porque no ano seguinte assinou para o Móveis King, quando recebeu uma inusitada oferta: a facilidade para comprar uma bicicleta para ir nos jogos. Tudo por um bom preço e em suaves prestações. Mas confessa que pagou tudo em dia. 

Depois o Cido Tramontini foi convidado para treinar no Cambé. Na equipe paranaense fez dois jogos. Derrota em Cornélio Procópio por 1 a 0, e vitória em casa, em cima da Ferroviária de Assis, por 5 a 1. Mesmo assim não ficou por lá. De volta a Jafa, o sr. Francisco Pereira (irmão do Salvador Pereira, de tradicional família jafense), insistiu para ele ir treinar no São Paulo. Apesar de lá já estar tudo certo, acabou não aceitando o convite. Jamais imaginava um caipira do interior chegando para treinar no São Paulo. 

Não era mesmo para ser jogador de futebol. Nos anos 60, Cido Tramontini defendeu o Garça, que contava em suas fileiras com o goleiro Valter Palmital, Agamenon, Goiano, Ricci, Irineu Palmeira, Damazini e Plínio Dias. Até que resolveu parar com a bola ainda jovem com 33 anos, na Jafense. Em sua carreira conviveu com grandes jogadores, dentre eles, o João Trinca, Rici, Irineu Palmeira, Gimenez, Aníbal e Inocêncio “Rabudinho”. Dos mais novos, os irmãos Florentino, Dioni e Miau, eram muito bons de bola. Na outra foto veja como está o palmeirense Cido Tramontini, esbanjando saúde e vitalidade, nos seus bens vividos 76 anos de idade. E o melhor jogador que desfilou nos gramados jafenses, se trata de uma pessoa simples, humilde e de pouca conversa, com boas histórias para contar. Mas, inegavelmente, jogou um futebol de gente grande.