Por Wanderley `Tico´ Cassolla
Como faz todos os
anos a coluna “muda de campo” e entra no pique do carnaval, inegavelmente a
maior festa do povo brasileiro. É hora de recordar um pouco dos antigos carnavais
de Garça, especialmente de salão, quando tudo era alegria e folia. Outrora
nesta época era só folia, futebol nem pensar. Os tempos mudaram, tem bola
rolando em plena festa do rei momo. Com o passar dos anos o carnaval perdeu espaço
e tradição, principalmente nas cidades interioranas. Fica cada vez mais difícil
a realização dos bailes carnavalescos. O maior exemplo é aqui em Garça, que já teve
memoráveis festas. A folia começava na sexta feira e terminava com o raiar do
sol na Quarta-Feira de Cinzas. Os clubes lotavam Grêmio Teatral, Tênis Clubes,
José do Patrocínio, Kaikan e no Centro Esportivo do Garça. Sem falar no
“Panelão”, onde a coisa fervia pra valer. Há! E quem não se lembra do carnaval
de rua na Carlos Ferrari. E das escolas de Samba Imperatriz do Grêmio Teatral
Leopoldo Fróes, Escola de Samba Unidos Vila Salgueiro, sob o comando da Dona
Marieta, e da Escola de Samba Rosa de Ouro, presidida pelo Zé Carlos. Hoje tudo ficou na saudade e lembrança.
A festa que era
popular, praticamente ficou elitizada, com muito luxo, glamour, e grana para
quem quiser curtir. Só nos resta ficar em casa e assistir na tela da
TV os desfiles das escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo, e os corsos da
Bahia, Pernambuco e outros Estados do Nordeste. Sinal dos tempos, do mundo
globalizado. Como diria o narrador do Sport/TV, Milton Leite “segue o jogo”.
Mas com o carnaval cada vez mais saindo de campo, ou melhor, dos clubes e das
passarelas.
Já antevendo que
será um dos últimos carnavais em nossa coluna, recordamos os personagens que
marcaram época na folia de momo em nossa cidade. Quem não se lembra da Banda do “Seo” Maestro
Geraldo Moisés. Ali era só marchinhas pura, tocadas na raça, com sax, pistão e
bumbo, nada de eletrônicos. No vocal Verissinho, que fiel à tradição, não
cansava de cantar: Mamãe eu Quero, Cabeleira do Zezé, Saca-Rolha, Turma do
Funil, Transplante de Corintiano, Marcha da Cueca, Me dá um dinheiro aí,
Allah-la-o, Máscara Negra, Cidade Maravilhosa e tantas outras. Veja a banda no
Centro Esportivo do Garça, em meados dos anos 80, da esquerda para direita:
Mateus, Celsinho, Fernando e o maestro Geraldo.
Um folião que
jamais poderá ser esquecido: Paulino da Silva Oliveira, que trabalhava no
Grêmio Teatral Leopoldo Froés. O “seo” Paulino do Grêmio era uma figura muito
querida e divertida, gostava da folia. Nos carnavais adorava enfeitar sua
bicicleta. No ano de 1.959, fez referência ao rinoceronte Cacareco (foto),
satirizando os políticos da época. Com cerca de 100 mil votos, Cacareco foi o mais
votado nas eleições para vereador na cidade de São Paulo. O voto ainda era
escrito em cédulas de papel. Dos carnavais de rua mostramos o mestre sala José
Luiz “Português” e a porta bandeira Rita Guedes, desfilando na Carlos Ferrari,
sambando defronte ao palanque das autoridades, armado na esquina com a Rua Barão
do Rio Branco.