sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Recordar é Viver: "Sempre é Carnaval"













Por Wanderley `Tico´ Cassolla


Como faz todos os anos a coluna “muda de campo” e entra no pique do carnaval, inegavelmente a maior festa do povo brasileiro. É hora de recordar um pouco dos antigos carnavais de Garça, especialmente de salão, quando tudo era alegria e folia. Outrora nesta época era só folia, futebol nem pensar. Os tempos mudaram, tem bola rolando em plena festa do rei momo. Com o passar dos anos o carnaval perdeu espaço e tradição, principalmente nas cidades interioranas. Fica cada vez mais difícil a realização dos bailes carnavalescos. O maior exemplo é aqui em Garça, que já teve memoráveis festas. A folia começava na sexta feira e terminava com o raiar do sol na Quarta-Feira de Cinzas. Os clubes lotavam Grêmio Teatral, Tênis Clubes, José do Patrocínio, Kaikan e no Centro Esportivo do Garça. Sem falar no “Panelão”, onde a coisa fervia pra valer. Há! E quem não se lembra do carnaval de rua na Carlos Ferrari. E das escolas de Samba Imperatriz do Grêmio Teatral Leopoldo Fróes, Escola de Samba Unidos Vila Salgueiro, sob o comando da Dona Marieta, e da Escola de Samba Rosa de Ouro, presidida pelo Zé Carlos.  Hoje tudo ficou na saudade e lembrança.

A festa que era popular, praticamente ficou elitizada, com muito luxo, glamour, e grana para quem quiser curtir.  Só nos resta ficar em casa e assistir na tela da TV os desfiles das escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo, e os corsos da Bahia, Pernambuco e outros Estados do Nordeste. Sinal dos tempos, do mundo globalizado. Como diria o narrador do Sport/TV, Milton Leite “segue o jogo”. Mas com o carnaval cada vez mais saindo de campo, ou melhor, dos clubes e das passarelas.

Já antevendo que será um dos últimos carnavais em nossa coluna, recordamos os personagens que marcaram época na folia de momo em nossa cidade. Quem não se lembra da Banda do “Seo” Maestro Geraldo Moisés. Ali era só marchinhas pura, tocadas na raça, com sax, pistão e bumbo, nada de eletrônicos. No vocal Verissinho, que fiel à tradição, não cansava de cantar: Mamãe eu Quero, Cabeleira do Zezé, Saca-Rolha, Turma do Funil, Transplante de Corintiano, Marcha da Cueca, Me dá um dinheiro aí, Allah-la-o, Máscara Negra, Cidade Maravilhosa e tantas outras. Veja a banda no Centro Esportivo do Garça, em meados dos anos 80, da esquerda para direita: Mateus, Celsinho, Fernando e o maestro Geraldo. 

Um folião que jamais poderá ser esquecido: Paulino da Silva Oliveira, que trabalhava no Grêmio Teatral Leopoldo Froés. O “seo” Paulino do Grêmio era uma figura muito querida e divertida, gostava da folia. Nos carnavais adorava enfeitar sua bicicleta. No ano de 1.959, fez referência ao rinoceronte Cacareco (foto), satirizando os políticos da época. Com cerca de 100 mil votos, Cacareco foi o mais votado nas eleições para vereador na cidade de São Paulo. O voto ainda era escrito em cédulas de papel. Dos carnavais de rua mostramos o mestre sala José Luiz “Português” e a porta bandeira Rita Guedes, desfilando na Carlos Ferrari, sambando defronte ao palanque das autoridades, armado na esquina com a Rua Barão do Rio Branco.
 
E da imprensa que sempre esteve presente nos bailes e desfiles, recordamos um "trio" da pesada de comunicadores da extinta Rádio Clube de Garça (ZYL3 e no prefixo 1.600 KHZ), cobrindo o carnaval de 1.971, no clube Kaikan. Da esquerda para direita: Clodoaldo José Serzedelo, Nilson Bastos Bento e Zancopé "Zento" Simões, segurando o seu inseparável Rádio Mitsubishi importado, com duas potentes ondas AM-OC. O Carnaval marcou época em nossa cidade, alegrou gerações, abriu alas, passou, e dificilmente voltará com o mesmo brilho e alegria de antigamente.