quarta-feira, 26 de março de 2014

Dívida do Corinthians por Itaquerão cresce R$ 12 mi por mês




Por Rodrigo Mattos - UOL

A dívida do Corinthians com a construção do Itaquerão tem crescido R$ 12 milhões por mês por conta de custos com obras e empréstimos bancários. Os dados constam de documentos do fundo gestor do estádio obtidos pelo blog. O dinheiro liberado do BNDES (Banco Nacional de Desenvolviemento Social e Econômico), nesta terça-feira, vai reduzir consideravelmente o aumento do débito.

Sem isso, a arena foi levantada com recursos de empréstimos feitos pela empresa gestora da arena com dois bancos e a própria construtora Odebrecht. Até agora foram investidos R$ 776,5 milhões, segundo relatório do Arena Fundo Imobiliário II de fevereiro de 2014. Uma parte foi paga à construtora, e outra, não.

Pela estrutura do fundo, há três fontes para quitar esse valor. Primeiro, financiamento do BNDES que entra com a transformação da Caixa Econômica em cotista (sócia) da empresa. Segundo, os incentivos fiscais da prefeitura (CIDs). Terceiro, recursos próprios que em última instância têm que ser pagos pelo cotista junior, o Corinthians.

Bom, do total investido, o relatório de fevereiro de 2014 revela “outros valores a pagar'' de R$ 341,4 milhões dentro do passivo. O relatório de maio de 2013, há nove meses, quando o valor passou a ser registrado, era de R$ 232 milhões.

Ou seja, em nove meses, o crescimento da dívida do fundo e corintiana, foi de cerca de R$ 110 milhões. Isso significa que o aumento do débito foi de R$ 12 mihões por mês. Na prática, o clube acumula passivo mensal superior a sua folha salarial com futebol, que gira em torno de R$ 8 milhões por mês.
E esse não é todo o montante devido pelo clube que terá de quitar o Itaquerão inteiro. É apenas a dívida direta com a Odebrecht. Afinal, a construtora recebeu a outra parte da obra, mas graças a empréstimos feitos com bancos, Santander e Banco do Brasil.

“Desse total, uma parte relevante ainda não foi paga para a construtora por atrasos das emissões dos CIDS e liberação do BNDES. Somente R$ 433,9 milhões foram pagos e o restante a construtora deu prazo estendido para quitação'', afirmou a construtora.

A construtora afirmou que o aumento da dívida não foi por conta só de juros. Mas se recusou a comentar sobre o crescimento de R$ 12 milhões por mês do endividamento. Afirmou que só o clube poderia falar.

O blog ouviu um dirigente corintiano que, sob a condição de anonimato, disse que o aumento da dívida não é só por conta dos juros. Mas admitiu que se cobra 2,5% de juros por mês nesses empréstimos até agora. Ou seja, há um alívio geral por poder substituir esse débito caro pelo do BNDES, com juros de 0,4671% por mês. André Sanches não respondeu às perguntas do blog enviadas por e.mail.

Na terça-feira (25), a Caixa Econômica confirmou que liberou 65% do dinheiro do BNDES, ou R$ 260 milhões. O total previsto é de R$ 400 milhões.
Com a demora de mais de dois anos para sair o dinheiro, houve seis aditivos de contratos de empréstimos da Odebrecht com a Arena Itaquera, empresa que administra o fundo do estádio. Houve outros aditivos com o Banco do Brasil e o Santander para prolongar os mútos com os bancos.