sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Recordar é Viver: "Didi Turatto, campeão amador pelo Flamengo em 1985"

 


Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Ele despontou como uma jovem promessa no futebol amador garcense no começo dos anos 80. Estamos falando do Waldir Turatto, o “Didi Turatto”, um canhoto, que jogava na meia esquerda, jaqueta 10. A sua passagem foi curta no futebol, uma contusão impediu que prosseguisse na carreira. Não tinha nem 20 anos e já teve que parar com a bola.

Neste curto período jogou na Casa Ipiranga e no Flamengo do técnico Betão Aguiar, onde foi campeão no ano de 1985, no primeiro título dos onze conquistados. Depois ainda treinou nas equipes de base do Garça, mas a lesão no joelho foi fatal.

O começo foi no infantil do Maquinho, onde jogou duas temporadas, entre os anos de 1983/84. O time era comandado pelo garcense Carlos Bulho Fonseca, uma “lenda” do futebol mariliense, em se falando de um treinador.

Na época ele ia treinar no Maquinho juntamente com o primo Márcio Gravatim, e ambos eram titulares no meio campo. O técnico Carlão Fonseca botava fé no seu futebol. Segundo o Márcio Gravatim nos declarou esta semana: “o Didi era um meia esquerda habilidoso, chutava muito bem com a esquerda, era inteligente com a bola no pé. Tinha a facilidade para colocar a bola onde queria. Só que as contusões o perseguiam”.

Não restou alternativa senão retornar para Garça. Aqui fez aquele tratamento médico paliativo e foi jogar no time da Casa Ipiranga, comandada pelos esportistas Pedro e Gérson. Em seguida foi defender o Flamengo. Segundo o técnico Betão: “O Flamengo corria atrás do primeiro título no campeonato amador, o elenco contava com jogadores mais experientes. Assim que vi o “garotinho” Didi jogando, fiz o convite ele topou, não sem antes falar com o pai Olívio Turatto. O campeonato amador naqueles tempos era bem disputado, difícil de ser campeão. O Flamengo estava num crescente. Lembro que quando precisava de velocidade no jogo, colocava o Du Boquinha e o Didi, aí o time crescia em campo. O Didi tinha um potencial muito bom com a bola nos pés, principalmente nos passes e lançamentos. Ajudou em muito na conquista do nosso primeiro troféu no amador”.

Recordamos o Flamengo, campeão de 1985. Em pé, da esquerda para direita: Zé Precípito, Didi Turatto, Du, Gilson, Osmar, Mário Fogo, Casagrande, Ronier e o técnico Betão Aguiar; agachados: Natalino, Tonho Nego, Cole, Navarro, Sérgio Miranda, Osmar Silvestre, Túlio Calegaro e Geraldo (massagista).

Depois daí, em meados de 1988, o Didi resolveu treinar nos juniores do Garça. O “Azulinho” era treinado pelo Abegar Brassoloto e também Ednalvo Cardoso de Andrade. Sempre se destacando entre a garotada, passou a treinar   no time profissional. Na época fez grande amizade com o zagueirão Deodoro (ex-Juventus), que apreciava seu futebol. E também lhe ensinou muita coisa, dentre várias, como se posicionar em campo na hora do ataque e principalmente a se defender. Assim como a aprender a chutar com o pé direito, pois o seu forte era somente a canhota. Tinha tudo para prosseguir, tentar se tornar profissional, até que uma nova lesão o fez “pendurar” chuteira definitivamente, quando estava com apenas 20 anos de idade.

Não restou outra alternativa senão continuar com os estudos e trabalhar. Conseguiu ingressar na Prefeitura de Garça, onde foi inspetor de alunos nas escolas: Lydia Yvone Gomes Marques, CEI/Monsenhor Antonio Magliano e Alcyr da Rosa Lima, este, craque do Garça EC. na década de 50.

Só que novamente, outro problema de saúde, fez com que o Didi antecipasse a aposentadoria. Com o falecimento dos pais Olívio e Dona Luzia, depois do irmão Odair, enfrentou outro duro golpe. Passou a viver sozinho, e até com dificuldades de locomoção. Atualmente passa todo o tempo acamado.

Até que, segundo o Didi “um anjo apareceu em sua vida, a Michelle, sua prima e cuidadora em potencial, que lhe dispensa carinho e muita atenção”. Veja no flagrante, o Didi segurando troféus do pai Olívio Turatto, grande campeão de truco.

Mesmo com todos estes problemas, o Didi na medida do possível, acompanha o futebol, às vezes na televisão, outras no rádio. É torcedor do Palmeiras, tem como ídolo Ademir da Guia e Romário, um artilheiro nato, que só perde para o Pelé. Sobre a seleção brasileira está bem decepcionado: “quer jogar um futebol robotizado, muito mecânico, imitando o futebol europeu. Deixou de lado a arte, a magia e a beleza das seleções de antigamente. Dificilmente será campeã novamente”.

Também gosta de ouvir uma boa música no seu inseparável Motorádio, em especial as sertanejas de antigamente. No seu cardápio musical estão Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano e Cézar e Paulinho, seus cantores preferidos, cujo pôster da dupla (foto) está estampado na parede do seu quarto.