Por Tico Cassolla
Que o ex-lateral Roberto Carlos
nasceu em Garça todo mundo sabe. Que o nome dele foi em homenagem ao cantor
Roberto Carlos, do qual seu pai Oscar é fã incondicional, também. Agora, que ele nunca jogou
num time amador de Garça, antes de se tornar profissional é a pura verdade. E que ele começou a carreira no clube União São João de Araras é fato.
Mas
e o portentoso chute? De onde vem? Como ele aprendeu?
Primeiro foi um dom de Deus.
Segundo porque, desde pequeninho, foi aprendendo com os jogadores que via jogar,
desde os tempos do time da Fazenda São José dos Bonini. Pois bem entre os anos
de 1977/78, o time rurícula disputou o campeonato amador de Garça, e o
garotinho Roberto Carlos não perdia um jogo sequer, até porque o seu pai Oscar
era titular absoluto da zaga.
Veja o time da Fazenda São
José dos Bonini, em jogo valido pelo campeonato amador, posando no Estádio
Municipal “Frederico Platzeck”, quanto enfrentou o Ipiranga. No detalhe, o
mascotinho Roberto Carlos, com a camisa do Santos, junto de seu pai Oscar. Um
jogador era o ponto de referência para o Roberto Carlos: o defensor Anísio
Ferreira da Silva, o popular “Jabu”, que batia fácil na bola, na maioria das
vezes de três dedos. O Jabu está em pé na foto, é o quinto da esquerda para
direita. Segundo o Jabu, antes de começar um jogo, ou mesmo no intervalo, o
Roberto Carlos se aproximava e começavam a bater bola. O Jabu tocava e o
garotinho devolvia a bola do mesmo jeito e com aquele efeito. Lembra o Jabu que
numa certa ocasião, a bola foi mais longe, o garotinho correu atrás, e mesmo
afastado, soltou uma bomba, a bola quase atravessou o campo inteiro.
Na hora o Jabu comentou com
o Lozão, colega de time: este garoto bate fácil e forte na bola. Tem futuro.
Não deu outra. O resto todo mundo já sabe. Um dos melhores laterais da história
do futebol mundial de todos os tempos. E muitos gols, principalmente na
cobrança de faltas. Um dos que marcou sua carreira foi contra a França, no ano
de 1997, quando atuando pela seleção brasileira, praticamente desafiou a lei da
física, com a bola fazendo uma curva incrível.
Depois que foi campeão
mundial com a Seleção Brasileira na Copa 2002 (Japão/Coréia), Roberto Carlos
fez uma visita aos conterrâneos. Desceu de helicóptero no Estádio Municipal
“Frederico Platzeck”, gramado onde 25 anos atrás, deu as primeiras “bombas” com
a perna esquerda que eternizaram seu nome. Naquela oportunidade reencontrou o “professor”
Jabu, como bem registram os flagrantes. Numa das fotos aparece o então vereador
Chico da Funerária e o “seo” Oscar, recordando dos bons tempos que jogou ao
lado do Jabu.
Ambos seguiram caminhos
diferentes: se o Roberto Carlos junto
com o Karembeau é um dos únicos jogadores a conquistar a Liga dos Campões da
UEFA e a Copa do Mundo da FIFA, num mesmo ano (2.002), o corintiano Jabu é um
dos únicos a conquistar a tríplice coroa
no futebol garcense: campeão do amador, suíço e suíço master. Agora quanto aos
“chutes-bombas” do Roberto Carlos será que ele aprendeu mesmo com o Jabu? Ou é mais
uma história do folclore do futebol brasileiro?