sexta-feira, 27 de abril de 2012

Laerte Rodella: dois corações valentes




Por Wanderley 'Tico' Cassolla

Se o Washington Cerqueira, ex-centroavante do Atlético-PR., ganhou o apelido de “coração valente”, o nosso conterrâneo Laerte Rodela não ficou atrás e merece um título ainda maior: dois corações valentes.
Enquanto o Washington é o recordista de gols numa edição do campeonato brasileiro, com 34 gols marcados no ano de 2.004, o Rodela bateu um verdadeiro recorde pela vida ao viver com dois corações por quase 20 anos. E ainda por cima jogando bola, um centroavante artilheiro nato e marcando gols na cidade, mais notadamente no futebol suíço.
Um atacante raçudo que não tinha bola perdida, incansável na busca do gol, desde os tempos das “peladas” da AABB – Associação Atlética Banco do Brasil. Jogou ainda por muito tempo no Salão Líder, equipe comandada pelo palmeirense Alcides “Barbeiro” Sossolote. Também disputou duas grandes temporadas pelo Salão Carter, cuja equipe recordamos do ano de 1986.  Em pé da esquerda para direita: Zé Carlos, Marinho Coraza, Cidão, Tonho Ozaia, Zé Uzai e Betão Beline; Agachados: Decika, Gilmar Mantovanelli, Laerte Rodela, Carlinhos Tocilo e Nôzinho. A foto é nos antigos campos do futebol suíço, o famoso “terrão”, atrás do Hospital São Lucas.
Uma das grandes passagens que tive com o Rodela foi no ano de 1978, quando o Galdino de Almeida Barros, promoveu  um campeonato municipal no Centro Esportivo e Social do Garça. Pois bem,  na final ficou AABB x Centro Esportivo. Justo naquele dia o árbitro ficou doente, e o Galdino escalou este articulista.  Encarei a parada e fui para a decisão. Um jogo disputado, truncado e muita correria. No apagar das luzes o placar apontava 0 x 0, eis que numa bola levantada na área o Rodela sobe, “cabeceia”  e estufa a rede. O goleirão olha em minha direção, confirmo o gol e corro para o meio do campo. Não deu nem tempo de soltar a bola encerrei a partida, AABB campeã. O “guapo” se aproximou de mim e falou: “Pô Tico, nem vi a bola entrar”. Eis que chega o Rodela e faz a seguinte afirmação: “Como o jogo acabou vou falar a verdade. Fiz o gol com a mão”. O incrível é que ninguém no campo, nem mesmo os torcedores mais próximos do lance, viram qualquer irregularidade. Ratifico que o gol foi legal. De quebra ainda ganhou o troféu de artilheiro do torneio.
No outro flagrante, o Rodela todo orgulhoso com a camisa do Corinthians e o Gavião, símbolo maior do time do Parque São Jorge. O Corinthians proporcionou inúmeras alegrias para este corintiano de dois corações valentes. Mas a maior  de todas que teve no futebol, e que não cansava de afirmar, foi assistir pela TV o Palmeiras perder o título mundial para o Manchester United, no ano de 1.999. No domingo passado enquanto o seu Corinthians era eliminado no Paulistão pela Ponte Preta, ele partia para os “campos de cima”. Deixou uma grande legião de amigos entre os esportistas garcenses. Segundo o Enéas Filho, enquanto um coração do  Rodela torcia  para o Corinthians vencer, o outro com certeza torcia para não perder.

Fonte: jornal Comarca de Garça
Coluna "Recordar é Viver"