Por Wanderley Marcos 'Tico' Cassolla
No futebol de outrora era praticamente impossível um zagueiro marcar gols. Até porque na formação tática dos times, zagueiro (bécão) que se preservava não passava do meio de campo. Ir para o ataque nem pensar, senão o técnico mandava logo pro branco. Diferentemente do futebol atual onde as posições não podem ser mais fixas, quanto mais versátil o atleta melhor sua performance.
Mas como toda a regra tem exceção e também para se definir uma “aposta”, a coluna volta no ano de 1968 para verificar se realmente o beque-central Pedroso, do São Bento (Marília) marcou um gol no Garça, mais precisamente no goleiro Waldir Perez. Após pesquisa nos arquivos da “Comarca” desvendamos o mistério.
Não sem
antes falar um pouco do tradicional derby regional entre Marília e Garça, na
época representados pelo São Bento e Garça Esporte Clube, que agitavam as duas cidades nas décadas de 50 e começo de
60. Depois a rivalidade prosseguiu com
MAC x Garça, no início dos anos 70.
Quando as duas
equipes se enfrentavam o “bicho” pegava, guardadas as devidas proporções seria
um Palmeiras x Corinthians. A rivalidade era tamanha que as equipes não realizaram
jogos amistosos preparatórios, apesar da pouca distancia entre as cidades.
Somente duelaram no campeonato da então 2ª Divisão. Um jogo lá, outro cá. No dia 14/07/68 o Garça jogou em Marília e
perdeu por 2 a 1. No jogo de volta, disputado no dia 1 de setembro, o Garça
venceu no “Platzeck” pelo placar de 3 a 1, gols de Grilo, Rogério e Roberto,
enquanto Leônidas marcou para o São Bento.
A manchete da Comarca “Carnaval
em Setembro”, onde ressaltou “que a vitória foi motivo de um autentico carnaval
de rua, com homens, mulheres e crianças portando faixas, ao som da conhecida
charanga do Garça, que logo após o final da partida, saiu do campo e terminou na Praça Pedro de
Toledo. A comemoração foi até altas horas da noite, com os torcedores
festejando na Cinelândia e no Bar Odeon”.
Agora voltando ao
primeiro jogo em Marília, onde o Garça perdeu por 2 a 1, os autores do gol
foram Nilton e Pedroso para o São Bento, e Grilo anotou para o Garça. O Azulão jogou com
Belmiro; Ari Lima, Luizão, Dadi e Fernando; Plínio Dias e Odair; Roberto,
Rogério, Grilo e Coró.
De fato o Pedroso
teve seu dia de artilheiro com a camisa do São Bento, só que o gol foi no
Belmiro, e não no Waldir Perez. Depois, Pedroso veio para o Garça, numa
contratação polêmica. Dirigentes sãobentistas ameaçaram até entrar na justiça
para impedir a transferência. Pedroso estreiou
no “Azulão” no dia 08/06/1969, no empate com o Bauru Atlético Clube, pelo
placar de 1 a 1, jogando improvisado na posição de volante.
Hoje recordamos o São
Bento de Marília, do ano de 1965. Só identificamos o zagueirão Pedroso, o quarto
em pé, da esquerda para direita. Na outra foto do ano de 1971, o raçudo José
Pedroso envergando a camisa do Garça, sendo entrevistado pelo jovem repórter
José Nello Marques, da extinta Rádio Clube de Garça.
Fonte: Coluna Recordar é Viver - Jornal Comarca de Garça