Por Roberto Pereira de Souza
Um fundo imobiliário criado pelo Banco do Brasil será o verdadeiro dono do Itaquerão. A informação consta de documento assinado pelo vice- presidente do Corinthians, Luis Paulo Rosemberg, e enviado ao Ministério Público do Estado.
O Arena Fundo de Investimento tem dois sócios iniciais, a Odebrecht e o Banco do Brasil. “Tecnicamente, o Corinthians só será dono do estádio quando terminar de pagar a dívida de R$ 740 milhões, em 12 anos (incluindo juros e taxas de risco no total de R$340 milhões)”, revelou uma fonte ao UOL Esporte .
Nesse caso, a despesa anual do Corinthians ficaria acima de R$ 60 milhões ou cerca de R$ 5 milhões mensais, informou o mesmo analista. A proposta de empréstimo enviada ao BNDES contempla também uma carência de até três anos para ser iniciado o pagamento. Para agilizar o processo de aprovação das garantias oferecidas, os bancos envolvidos teriam exigido a consignação da renda do clube para evitar calote das parcelas, mas o clube não teria concordado.
Outra informação importante cerca o batismo da nova arena, que deverá abrir a Copa 2014: o direito de batismo do estádio (naming rights) faz parte do fundo de investimento e não seria vendido separadamente, segundo um analista que leu o documento assinado por Rosemberg, antes de ser enviado ao MPE.
O MPE e o Ministério Público Federal investigam os detalhes das operações de isenção tributária assinadas pelo governo federal, estadual e municipal. O inquérito do MPE deve ser concluído em abril. O MPF expediu ofícios para ouvir os envolvidos também. A maior parte dos investimentos necessários à conclusão do Itaquerão virá dos certificados de incentivo ao desenvolvimento (CIDs).
Sem os juros, a remoção dos dutos e os assentos móveis, o custo oficial do estádio ficará em R$ 820 milhões. Os títulos da prefeitura têm valor de face de R$ 420 milhões. O BNDES oferece até R$ 400 milhões de empréstimo a todas as sedes necessitadas. Desde maio de 2011, Odebrecht e Corinthians tentam montar uma proposta de empréstimo junto ao BNDES, mas a dificuldade tem sido grande quanto à oferta das garantias reais exigidas pelo banco estatal. Para receber R$ 400 milhões, o BNDES exige R$ 520 milhões de garantias reais de empresas (como a Odebrecht) que não operam na Bolsa de Valores de São Paulo.
Para empresas que operam na Bovespa, as garantias são iguais ao valor emprestado. Sem dinheiro oficial até agora, a Odebrecht tenta o segundo empréstimo particular no sistema financeiro para cumprir os prazos de entrega da obra. O Banco do Brasil aparece como intermediário da operação, que pode ser concluída nos próximos dias, no formato de empréstimo-ponte, junto ao próprio BNDES.
Uma fonte ligada ao sistema financeiro garantiu nesta sexta-feira (16) que o BB “pode intermediar a operação toda junto ao BNDES e ter um ganho extra com taxa de risco de até 3,57% ”. Alegando sigilo comercial, a assessoria do Banco do Brasil, em Brasília, afirmou que os diretores da instituição não comentariam os detalhes do empréstimo principal nem a tentativa de empréstimo-ponte junto ao BNDES, para reforçar o caixa da Odebrecht. O vice-presidente do clube, Luis Paulo Rosemberg, não retornou as ligações feitas pela reportagem.
Fonte: UOL